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Simone Tebet fala de 'falsidade ideológica' e 'lavagem de dinheiro público' em contrato da Covaxin

Durante sessão da CPI da Covid nesta terça-feira (6), a senadora apontou 'erros graves' e 'primários' nos documentos apresentados pelo governo sobre a vacina indiana


06/07/2021 14h55

Em sessão da CPI da Covid nesta terça-feira (6), a senadora Simonte Tebet (MDB-MS) apontou "erros graves" e "primários" nos documentos apresentados pelo governo federal para desmoralizar a denúncia de irregularidades no contrato da vacina indiana Covaxin. 

Para ela, a alteração dos documentos é "prova cabal de crimes, como falsidade ideológica para possivelmente viabilizar a lavagem de dinheiro público".

Segundo Tebet, a invoice (espécie de nota fiscal) apresentada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco mostra uma série de indícios de fraude ou manipulação. A lista, diz a senadora, inclui:

- Marca e logotipo desenquadrados;

- Desalinhamentos em alguns pontos;

- Erros de inglês e de português;

- Mistura de idiomas (português e inglês na mesma página);

- Divergência na quantidade de doses.

O documento citado por Tebet foi apresentado no último dia 23 de junho por Elcio Franco e Onyx Lorenzoni em pronunciamento no Palácio do Planalto. Ambos falaram em resposta às acusações feitas pelos irmãos Miranda, que denunciam supostas fraudes nos contratos da vacina indiana.

No pronunciamento, o governo defendeu que havia três versões do documento – e que uma delas, apresentada pelos irmãos Miranda, seria fraudada.

Nesta terça, Simone Tebet apontou o oposto. Disse que a primeira versão, apontada como falsa pelo Planalto, tem marcas de legitimidade.

"Esse é o primeiro [documento], dito que é falso, 100% com correção da língua inglesa e marcas de scanner ou fax comprovando que esse documento chegou. Esse documento foi escaneado, e por fax", disse Tebet.

Já em referência a um dos documentos exibidos como legítimos por Elcio e Onyx, a senadora afirma haver "clara comprovação de falsidade de documento privado". Tebet aponta 24 irregularidades – erros que, segundo ela, geram dúvidas sobre a veracidade do papel.

"Ele tem a marca e o logotipo desenquadrados, não estão alinhados em alguns pontos, como se fosse uma montagem. Tem inúmeros erros de inglês, e, talvez, o mais desmoralizante seja o [item] 17. No lugar de preço, price, está prince [príncipe, em inglês]. CEO, está companhia, em português. Então, aqui está uma mistura, eu acho que é um dialeto que só eles conhecem, não é? Está um 'portinglês' que não dá para entender", afirmou a senadora.

Tebet também apontou que um dos documentos prevê a importação de 300 mil caixas com 16 ampolas cada, o que representaria 4,8 milhões de doses – e não 3 milhões, como estava previsto.

Ainda de acordo com a senadora, houve também uma alteração de valores que deveriam ser antecipados de US$ 45 milhões para US$ 46 milhões. 

"Tem quase US$1 milhão, R$5 milhões, que alguém ia levar em algum paraíso fiscal para fazer alguma rachadinha", afirmou.

    Veja na íntegra a denúncia feita por Simone Tebet:

    No dia 30 de junho, a senadora participou do Manhattan Connection ao lado da atriz Samantha Schmütz e do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). Na ocasião, Simone Tebet garantiu que a CPI da Covid não vai "acabar em pizza". 

    Reveja o programa exibido na TV Cultura:


    Leia também: Grupos da USP e UFRJ elaboram documento para regulamentar planos de saúdeRio de Janeiro identifica dois casos da variante Delta da Covid-19


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