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Nesta terça-feira, CPI da Covid ouve reverendo que negociou vacinas em nome do governo

Amilton Gomes de Paula está por trás da venda das 400 milhões de doses da AstraZeneca; ele é peça-chave para explicar uso de intermediários pelo Ministério da Saúde


03/08/2021 08h27

O reverendo Amilton Gomes de Paula será o primeiro depoente a comparecer à CPI da Covid após duas semanas de pausa nos trabalhos devido ao recesso parlamentar. A sessão desta terça-feira (3) está prevista para começar às 9h.

Amilton é ligado à Igreja Batista e fundador de uma entidade privada chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Ele é peça-chave para explicar uso de intermediários pelo Ministério da Saúde. No caso, ele negociava a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca, mesmo após a própria farmacêutica ter informado que a venda do imunizante se daria apenas por meio de contratos diretos, sem intermediários.

A Senah é uma organização evangélica fundada em 1999, com sede em Águas Claras (DF), região próxima a Brasília. Após a fundação, a entidade desenvolveu projetos de ação sociocultural no Distrito Federal e em cidades do entorno. Com esse histórico e sem explicações, a Senah ganhou autonomia do governo para negociar a aquisição de vacinas.

Conforme mostrou uma reportagem exibida no Jornal Nacional, da Rede Globo, o então diretor de Imunização do Ministério da Saúde Lauricio Monteiro Cruz deu aval para que o reverendo e a Senah negociassem a vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro com a empresa americana Davati Medical Supply.

O reverendo teve reuniões no Ministério da Saúde com Lauricio e com o então secretário executivo Elcio Franco – que concentrava, na pasta, as decisões sobre a compra das vacinas.

E-mails de março deste ano indicam que o reverendo propôs a compra do imunizante a US$ 17,50 por dose, valor três vezes mais caro que os US$ 5,25 pagos pelo ministério em janeiro a um laboratório da Índia.

A convocação de Amilton atende o pedido do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O depoimento do religioso estava marcado anteriormente para o dia 14 de julho, mas foi adiado por questões de saúde de Amilton de Paula. Ele apresentou um atestado médico alegando problemas renais, o que foi confirmado por perícia médica do Senado.

Recuperado, o reverendo comparecerá ao Senado munido de um habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que autorizou o silêncio parcial de Amilton Gomes de Paula. Fux, no entanto, negou o pedido apresentado pela defesa de Amilton de não comparecer ou se retirar da sessão.

Além da oitiva do reverendo Amilton, nesta terça, a CPI da Covid analisará 130 requerimentos. Entre os itens, está a convocação de dez ministros do governo Bolsonaro. Podem ser convocados, entre outros, os ministros da Defesa, Walter Braga Nettoda Economia, Paulo Guedes e do Trabalho, Onyx Lorenzoni.

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