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Marcos Corrêa/Palácio do Planalto
Marcos Corrêa/Palácio do Planalto

Em manifestação inédita desde a redemocratização, um comboio de veículos militares passou por Brasília na manhã desta terça (10), dia em que o projeto do voto impresso será votado na Câmara dos Deputados. 

Na rampa do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Defesa, general Braga Netto, e os três chefes das Forças Armadas acompanharam o desfile de blindados e tanques de Exército, Marinha e Aeronáutica. Essa é a primeira vez que as três forças participam da Operação Formosa, realizada pela Marinha desde 1988; também foi a primeira vez que o comboio militar passa por Brasília, no trajeto que faz do Rio de Janeiro à cidade de Formosa, em Goiás.

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Para Oscar Vilhena, especialista em Direito Constitucional e diretor da Escola de Direito da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a ação tem objetivo de intimidação, mas não deve surtir efeito na votação pelo voto impresso. "Tenho impressão de que não gerará nenhuma relevância, porque o Congresso já consolidou uma posição muito forte contra o voto impresso, que é o voto fraudável. O voto não não-fraudável é o que nós temos hoje, o voto fraudável é o que o presidente quer", afirmou, em entrevista ao Jornal da Tarde.

"Eu me recordo de uma manifestação muito parecida com essa no Peru, quando [Alberto] Fujimori estava nas vésperas do seu golpe. E é uma coisa comum em países como a Venezuela, em países como a Turquia, quando elas estavam nas suas escaladas autoritárias", prosseguiu o especialista.

Segundo Vilhena, a ação desta terça é uma reação de Bolsonaro à perda de popularidade e possível isolamento político: "O presidente da República, na medida em que colhe os resultados do seu governo - ou seu desgoverno -, ele vem tendo os seus índices de popularidade reduzidos. E como a eleição de 2022 se torna cada vez mais algo difícil de conseguir transpor, e como os crimes praticados dentro da sua administração no campo ambiental, da saúde e da corrupção vão se aproximado, o presidente se desespera. Isso é um sinal muito claro de presidentes que vão se tornando minoritários e vão se tornando isolados, e a única forma de sair desta condição que eles próprios se colocaram é tentar romper a com a ordem estabelecida". 

"Em relação aos militares, evidentemente há uma preocupação. Não com as Forças Armadas como um todo, mas há setores das Forças Armadas, sem dúvida nenhuma, alinhados com o governo. É difícil saber neste momento qual é o posicionamento, mas torcemos para que as Forças Armadas sigam aquilo que está disposto do artigo 142 da Constituição e cumpra sua função, que é de uma instituição do Estado, voltada a garantir a segurança das nossas fronteiras e que jamais adentrasse a política", afirmou Vilhena.

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Sobre a participação política dos militares durante o governo Bolsonaro, ele faz um alerta: "A política é um jogo entre pessoas que disputam poder, mas que têm que estar, sobretudo, dispostas a sair do poder. As eleições são o mecanismo pelo qual a pessoa que erra é punida e sai do poder. Os militares têm uma outra noção de ocupação e por isso é que eles não devem estar lá. Ao entrarem no poder, eles desestabilizam o sistema e nós sabemos, infelizmente, por experiência própria, que quando entram no poder não têm nenhuma intenção de deixá-lo facilmente, muito menos pelas eleições".

Veja a entrevista completa: