“Higiene menstrual é um direito de todas as pessoas”, dizem especialistas da área
Em entrevista, representantes de ONGs falam sobre veto de Bolsonaro na distribuição de absorventes
20/10/2021 19h49
Em entrevista ao site da TV Cultura, Mariana Bertioli fundadora da Inciclo, empresa pioneira na produção e venda de coletores menstruais no Brasil, Paula Cavalleiro Neves, umas das representantes da ONG Absorvendo Amor e Luana Escamilla idealizadora da ONG Fluxo Sem Tabu, voltadas para o combate à pobreza menstrual falaram sobre o veto e a higiene menstrual no país.
Mariana destacou a importância de existirem políticas públicas que preservem o direito da higiene menstrual, sendo uma resolução das Nações Unidas no Brasil (ONU) do ano de 2014. “Higiene menstrual é um direito de todas as pessoas”.
Leia também: Outubro Rosa: Mulheres que passaram pelo câncer
Pobreza menstrual
Assim como ela, Paula e Luana concordam que a pobreza menstrual é ocasionada por diversos fatores, desde a educação, desigualdade de gênero e acesso a saneamento básico.
“Quando pensamos em pobreza menstrual a gente restringe muito a ideia de ausência dos absorventes, mas a pobreza menstrual engloba muita coisa”, expôs Paula.
A Absorvendo Amor surgiu em 2018 na escola quando um grupo de alunos se uniu com o objetivo de combater a pobreza menstrual no ambiente escolar do Rio de Janeiro. Com a pandemia, o foco voltado apenas para estudantes foi redirecionado e destinado para pessoas em situação vulnerável. “O fato de você não fazer coisas por não ter acesso aos produtos de higiene menstrual é uma situação fora da realidade, principalmente masculina, que não menstrua”, afirmou uma das idealizadoras da ONG.
Para Luana, o veto do presidente é “um descaso com os mais vulneráveis”. Ela ainda complementou explicando a importância de falar sobre a pobreza menstrual, assim como a menstruação. “É muito importante falar sobre o assunto e entender a dimensão, porque o tabu promove o isolamento de meninas pelo mundo inteiro. Além de doações e políticas públicas que realmente sejam efetivas e que olhem para essa população vulnerável”, revelou.
Leia também: Grávidas não vacinadas contra a Covid-19 tem mais chances de morrer, diz levantamento
No cenário nacional, cerca de 713 mil meninas vivem em casas sem banheiros e mais de quatro milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, segundo o relatório "Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos", lançado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) neste ano.
O Fluxo Sem Tabu surgiu no ano passado e completou um ano no dia 13 de outubro. Com parceiras como “Meninas Em Campo”, “SP Invisível”, “Instituto Sonhe”, “Pro Saber Paraisópolis”, entre outros, atende o estado de São Paulo e possui planos de expandir as doações.
Estados pela causa
Após o veto, ao menos 13 estados e o Distrito Federal anunciaram projetos para distribuição do item a estudantes e pessoas em situação de vulnerabilidade. Entre eles estão: São Paulo, Acre, Amazonas, Ceará, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
“Temos pessoas em situação de rua, pessoas encarceradas, meninas, jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade. Quanto mais se falar sobre menstruação, tanto o poder público e privado vão conseguir dar mais foco a isso”, disse Mariana.
Leia também: Webstory: Saiba o que é o disco menstrual e como usar
Projetos
Em união com a marca de roupas Cantão e o Grupo Mulheres do Brasil, a Inciclo realizou uma ação em combate a pobreza menstrual com a doação de absorventes reutilizáveis. A iniciativa buscou ajudar o projeto “Absorvendo Amor”.
Em parceria com a Hana Khalil doaram cerca de 2 mil coletores e absorventes para moradores do Complexo do Alemão na cidade carioca.
Inauguração
Na última quinta-feira (14), a empresa inaugurou o primeiro espaço físico com venda de coletores menstruais em shoppings de todo o mundo, localizado no Morumbi Shopping, em São Paulo.
REDES SOCIAIS