Ministério da Saúde contrata empresa sem experiência em vacinas para entregar doses pediátricas da Pfizer
A IBL (Intermodal Brasil Logística) só trabalhou uma vez com vacinas e não foi com SUS; Estados relataram problemas no momento da entrega
16/01/2022 18h57
O Ministério da Saúde contratou uma empresa sem experiência em transporte de vacinas para executar a armazenagem e logística dos imunizantes contra a Covid-19 para crianças. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A empresa contratada é a IBL (Intermodal Brasil Logística), e o serviço foi acordado em dezembro do ano passado. O valor do contrato é de R$ 62,2 milhões e foi assinado com dispensa de licitação.
As primeiras entregas das vacinas pediátricas da farmacêutica foram marcadas por problemas e confusões. Estados, como Santa Catarina, Pernambuco e Paraná, alegaram que os imunizantes chegaram em condições inadequadas de armazenamento.
Já em João Pessoa (PB), a empresa não estava presente neste no aeroporto da cidade, o local combinado para receber as doses, acondicioná-las e levá-las para o local indicado pelo governo estadual.
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Os contratos assinados com a IBL têm duração de 12 meses com clausulas de prorrogação para até cinco anos, apesar do caráter de urgência para a dispensa de licitação.
Vale lembrar que o Ministério escolheu a IBL mesmo já existindo um contrato em curso, tempo hábil para uma nova licitação e interesses de empresas de logística na disputa.
Em nota, a empresa contou que a única experiência em transporte de vacinas foi para um laboratório privado, mas o nome não foi revelado. O serviço teria acontecido entre 2015 e 2018.
Além disso, se defendeu afirmando que entregou todas as vacinas no primeiro lote da Pfizer dentro do prazo e com a temperatura exigida.
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O Pasta também emitiu nota sobre o assunto e afirmou que não houve prejuízo a nenhuma vacina pediátrica entregue aos estados e ao Distrito Federal, e irá apurar eventuais falhas.
Investigação
O TCU (Tribunal de Contas da União) já abriu um processo para apurar supostas irregularidades na contratação da IBL sem licitação para o transporte de vacinas. No mês passado, o tribunal cobrou explicações do DLOG (Departamento de Logística em Saúde) do Ministério da Saúde.
As vacinas começaram a ser entregues na última semana. Mesmo com os problemas relatados pelos governos estaduais, não há registros de vacinas perdidas, por enquanto.
Defesa
O Ministério também afirmou que a contratação da IBL se deu por meio de um processo seletivo, com a participação de diversas empresas consolidadas do setor.
Já a IBL afirmou que os serviços de distribuição e acondicionamento das vacinas estão ocorrendo com altos padrões de segurança, que foram exigidos no chamamento público com dispensa de licitação.
"Estamos mantendo, durante as operações, um contingente considerável de profissionais do mais alto gabarito, a postos para garantir o atendimento de quaisquer demandas. Todas as etapas sob a nossa responsabilidade foram cumpridas com excelência, sem qualquer prejuízo ou risco à qualidade das vacinas", informou.
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