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Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

“Eu descobri sobre o capacitismo através de uma pessoa sem deficiência, isso é muito intrigante. A própria violência não nos é dada por conhecimento”. A fala é do Ivan Baron, 24, estudante de pedagogia e conhecido nas redes sociais como o “influenciador da inclusão”, contabilizando hoje mais de 200 mil seguidores no Instagram e 400 mil no TikTok.

Ivan conversou com o site da TV Cultura e relembrou como começou a criar conteúdo para a internet e como esse processo esteve muito atrelado ao seu contato com o ativismo contra o capacitirmo, a discriminação contra pessoas com deficiência (PCD).

“O incômodo pela falta de conteúdos sobre violências que pessoas com deficiência sofrem gerou a necessidade de entrar na internet”, lembrou Ivan sobre meados de 2018. “Muito do meu ativismo veio por conta do capacitismo, a partir daí comecei a pesquisar mais sobre”.

@ivanvbaron Vamos conhecer mais sobre o #CAPACITISMO? | inst4: @ivanbaronn #inclusão ♬ som original Ivan Baron

Ivan é PCD. Ele tem Paralisia Cerebral, a qual adquiriu aos 3 anos de idade através de uma meningite viral. Como estudante de psicologia, ele brinca que tem a vontade de ensinar e “dar palestrinha”.

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“Como eu tive essa vontade incansável de querer que as outras pessoas também conhecessem sobre a luta anticapacitista, eu decidi ocupar a internet, esse ambiente tão ‘democrático’, entre aspas, porém nada acessível”, disse.

Mesmo falando em palestrinha, o conteúdo de Ivan é conhecido por ser acessível até na linguagem, uma vez que traz temas e discussões da forma mais didática possível e, muitas vezes, de forma informal.

Por isso, o humor apareceu com um recurso para o criador de conteúdo: “Em um momento, eu percebi que meu era muito sério, muito palestrinha, e resolvi aproveitar o humor. Eu adaptava os vídeos engraçados que eu via na internet mas de uma maneira pedagógica, não só para galera se divertir, mas também para educar”.

@ivanvbaron CONTÉM IRONIA , mas é a pura realidade! // @thabattapimenta ♬ som original - Ivan Baron

Ivan reconhece que, até por questões que são influenciadas pelo capacitismo, conseguiria mais engajamento se fosse pela via de zombaria da deficiência. “Se eu fosse por essa linha, eu estaria em outro patamar porque é muito mais rentável para o público zombar. A gente vê, por exemplo, muitas piadas com o nanismo, muitos humoristas se aproveitam dessas pessoas nesse quesito”, refletiu.

“O outro extremo é o do problemático, que as pessoas reagem com ‘nossa, tudo é preconceito, tudo é mimimi’. Eu confesso que eu estou mais para essa linha, mas não quero ser visto como problemático. Meu trabalho é educativo, então eu tenho que apontar o erro, mas a galera tem que ver que eu não sou só aquilo. Eu não sou só a pessoa que toda hora tá corrigindo”.

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Justamente por isso que Ivan começou a diversificar seus conteúdos. Ele revela que a ideia de fazer vídeos sobre sua rotina surgiu justamente para humanizar sua vivência, da urgência de mostrar que ele também erra. Segundo ele, é preciso se adaptar ao ambiente de extremos que é a internet.

@ivanvbaron Mais um daily vlog pra vocês! #minivlog #rotina ♬ som original - Ivan Baron

Próximos passos

Para o futuro, o influenciador tem uma meta utópica: “Eu pretendo que, daqui uns cinco anos, eu não precise mais falar sobre capacitismo e sobre a violência que eu sofro. Quem gosta de falar dos preconceitos, sobre coisas ruins que a gente passa? Não é legal, mas eu sinto que hoje ainda é preciso porque ainda tem muita desinformação, muito capacitismo para desconstruir”.

Perguntado sobre possíveis conteúdos que ele gostaria de produzir, Ivan se revelou um fã da TV Cultura: “Na minha infância eu era muito fã, Castelo Rá-Tim-Bum me marcou muito, e eu sinto que eu poderia falar sobre isso de nostalgia, mas infelizmente como meu público já é educado para me ver discutindo sobre capacitismo, eu tenho que falar sobre capacitismo, mas entre um conteúdo e outro a gente pode ir diversificando”.

Inclusive, com o público conquistado pelas redes sociais, Ivan aproveitou sua plataforma e escreveu o E-book “Guia Anticapacitista”, no qual foca nas coisas básicas que sempre o perguntam.

“Assim como é uma sigla LGBT, como ainda chamam pretos de morenos, ainda tem gente que chama uma pessoa com deficiência de deficiente ou especial ou portador. Então esse guia veio justamente para isso, para o básico mesmo, explicar o que é capacitismo, explicar como identificar expressões capacitistas, de uma forma muito leve e descontraída”, contou Ivan.

O material é recomendado para todos os públicos: “Tanto a juventude que pode mudar o futuro quanto esse público que tem uma idade mais avançada, eles têm a chance de não cometerem erros. Idade não é desculpa para pessoas preconceituosas, nunca é tarde para aprender”.