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Qual o impacto do abate de uma sucuri para a cadeia alimentar? Bióloga explica

Animal de aproximadamente seis metros foi morto por moradores de Anamã durante a cheia do rio Solimões


07/07/2022 09h00

Recentemente, uma sucuri de aproximadamente seis metros foi morta por moradores de Anamã, no interior do estado do Amazonas. A cidade estava alagada devido a cheia do rio Solimões.

A ação foi gravada e publicada nas redes sociais. Nas imagens é possível ver o animal pendurado na fachada de uma residência sem vida.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, a bióloga e médica veterinária Paula Helena Santa Rita, com mestrado em Ciência Animal e doutorado em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária, explica que a presença do animal na cadeia alimentar mantém o equilíbrio dela.

Para ela, o que provavelmente aconteceu é que como a região possivelmente é uma área onde ocorre a produção de aves e se encontrava nessa situação, ela foi atraída pela alimentação, já que com as cheias há um aumento na possibilidade de localização de suas presas.

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A especialista ainda diz que a sucuri é presa e predador, ou seja, se alimenta de uns, mas também serve de alimento para outros, como por exemplo, os grandes felinos. Quando filhote, todos se alimentam dela, enquanto em fase de crescimento preda um grande número de roedores e adulta controla populações, como as de jacarés e porcos selvagens.

“Quando você abate um animal dessa proporção mata um controlador das populações de outros animais, que inclusive podem ser nocivos ao homem”, destaca.

Para exemplificar essa problemática, a bióloga, que atuou no combate ao fogo no Pantanal e acompanha no dia a dia a situação da fauna, revela que na região da Serra do Amolar houve um aumento na incidência de onças-pintadas se alimentando de cães nas comunidades ribeirinhas. “Você vê que a cadeia tenta se reajustar com a problemática quando tem situações onde se quebra a cadeia alimentar. Os animais vão se adequando”.

Algo que lhe chamou atenção foi a questão de que a cobra foi morta pela população, já que de acordo com ela, as pessoas desse tipo de região coexistem muito bem com a natureza. “Geralmente quem promove esse tipo de matança são pessoas que não são tradicionalmente do local”, expôs.

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Sucuris podem matar seres-humanos?

A força de uma serpente constritora, ou seja, aquela que mata ao enroscar-se em um ser vivo, pode causar a morte inclusive de um ser-humano, entretanto, Paula destaca que “não estamos na cadeia alimentar dela, não somos presa tradicional desse grupo”.

Encontrei um animal selvagem, o que devo fazer?

Primeiramente, ela afirma que o ideal é não tentar manuseá-lo ou lidar com ele, mas sim evitar brechas para que ele entre no local em busca de alimento, e para as instituições governamentais, é necessário procurar conscientizar a população de que eles moram em uma região em que há a probabilidade de ocorrer esse tipo de encontro.

A desinformação em relação às serpentes e o "amaldiçoamento natural" contra elas estão entre os principais responsáveis por causar a morte delas, inclusive o risco de extinção, como é o caso da Corallus Cropanii, espécie rara e endêmica da Mata Atlântica. Para a bióloga, possivelmente devem existir cobras que se encontrem nessa lista de risco mas que os pesquisadores ainda nem tenham descoberto.



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