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Especialista do FBI revela como diminuir o dano em casos de atiradores em escolas

Em entrevista ao site da TV Cultura, Marcelo Bini aponta rejeição e bullying como as principais motivações de um atirador ativo


11/07/2022 08h10

Os episódios envolvendo atiradores em escolas têm se tornado cada vez mais frequentes no Brasil. O caso mais recente ocorreu em Saudade, em Santa Catarina, em maio do ano passado, no qual cinco pessoas foram mortas em uma creche.

O FBI (Polícia Federal dos Estados Unidos) define ameaçador ativo como um indivíduo altamente empenhado em matar ou tentar matar pessoas em uma área populosa, onde as vítimas são escolhidas aleatoriamente, seja com uma arma de fogo, ataques com faca, entre outros.

Em entrevista ao site da TV Cultura, Marcelo Bini, investigador federal dos Estados Unidos, paramédico de guerra do Exército americano e ex-Policial do Texas, revela até que ponto é possível se preparar para casos de ameaças ativas e como se pode diminuir o dano nessas situações.

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Antes de tudo, ele esclarece que é uma situação muito difícil de se treinar, por ser um episódio de trauma para vítimas e até para os agentes de segurança envolvidos no caso. Por isso, o caminho é criar protocolos, inclusive para as potenciais vítimas.

“O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos criou um programa para treinar pessoas leigas quanto à reação de uma ameaça ativa, chamado ‘run, hide, fight’ (corra, se esconda e lute, em inglês)”, conta.

Corra

“Você precisa correr e sair do local. Esse treinamento consiste em estudar mapas em uma escola, por exemplo, para saber para onde correr. Porque provavelmente aquela pessoa que está cometendo essa atrocidade não é tão familiar com o local. Então você já tem essa vantagem de saber como é esse local e estudar as opções de saída”, diz Marcelo.

Se esconda

“Quando há a impossibilidade de correr para longe da ameaça, o segundo passo é se esconder dentro de uma sala de aula que está trancada, dentro de um local onde o acesso para essa ameaça vai ser dificultado. Não adianta você se esconder em um corredor atrás de uma lixeira. Você quer se esconder do alvo de uma maneira que ele não te atinja, seja por uma arma de fogo ou fisicamente mesmo, abrir uma porta e te ver”.

Lute

“E o terceiro passo não quer dizer ao pé da letra lutar, mas sim lutar pela sua vida. Ou seja, criar mecanismos para desviar a atenção de um agressor em potencial. Houve um caso em que jogaram 23 caixas que estavam empilhadas no chão de uma escola para a ameaça achar que a gente tinha movimento e, quando ele foi para dentro da escola, essas pessoas conseguiram sair mais rapidamente”, conclui o especialista.

Outras formas de prevenção

Além deste treinamento para pessoas leigas que podem se tornar vítimas de uma ameaça ativa, Marcelo Bini reconhece que o acesso da polícia e de outros agentes ao ataque pode ser mais demorado dependendo do caso.

“A história nos diz que esses ataques acabam em muito pouco tempo, de 1 a 5 minutos. Então não há outra opção a não ser recorrer a essas pessoas que são vítimas para diminuir o dano desses casos”, reforça.

Marcelo cita então o programa Stop The Bleed (Pare o Sangramento, em inglês". Depois do ataque em Sandy Hook, em 2012, os agentes de segurança dos EUA perceberam que as pessoas estavam morrendo de ferimentos preveníveis. Ou seja, tiro no braço, na perna, onde você pode aplicar um torniquete, por exemplo.

“Então no Texas, por exemplo, crianças não formam o ensino médio sem passar pelo programa de capacitação de controle de hemorragia, chamado Stop The Bleed, que existe no Brasil e no mundo. Nele, se aprende a prestar os primeiros socorros em caso de evento traumático, ou seja pressão direta, aplicação de torniquete, medicina de guerra mesmo”, explica Marcelo.

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Além do trabalho no local, o especialista também reforça a importância de um mecanismo funcional que envolve muitos fatores, como agentes de segurança, sistemas de saúde, centro de imprensa e até os pais das crianças.

“Esses ataques são muito mais voltados a alunos que sofreram bullying e em rejeição do que passado criminoso, por exemplo. A maioria vem de pessoas que não tem histórico criminal. São pessoas que sofreram rejeição que sofreram, então a parte psicológica também é o apoio psicológico que entra, atenção de professoras, colegas e família”, revela o especialista.

Em casos de situações com ameaças ativas, ligue para a Polícia Militar (190), e em caso de vítimas ligue para o SAMU (192) ou para o Corpo de Bombeiros (193).

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