Negros e famílias de baixa renda estão mais expostos a riscos ambientais, diz pesquisa
Estudo do Instituto Pólis mostra efeitos desiguais da crise ambiental em São Paulo, Recife e Belém
03/08/2022 18h52
Estudo realizado pelo Instituto Pólis e divulgado nesta quarta-feira (3) revela que os efeitos da crise ambiental se manifestam de forma territorialmente desigual nas cidades de São Paulo (SP), Recife (PE) e Belém (PA).
Pessoas negras, famílias de baixa renda e domicílios chefiados por mulheres com renda de até um salário mínimo estão entre os mais afetados.
Na capital de Pernambuco, por exemplo, 677 áreas com risco de deslizamento foram identificadas. A proporção de pessoas negras é de 68% e a presença majoritariamente preta chega a 59%. Já em Belém, uma em cada cinco moradias em áreas de risco é comandada por mulheres com renda de até um salário mínimo.
A situação expõe o racismo ambiental, conceito que fala sobre a exposição de determinados grupos a ambientes insalubres.
“É preciso direcionar as atenções e as ações para esses grupos que são os mais afetados pelos desastres ambientais, agravados pelas mudanças climáticas, e que vivem cotidianamente com a falta de serviços básicos, em situações de risco, vulneráveis à processos de escassez hídrica, enchentes, inundações, deslizamentos, falta de energia, insegurança alimentar, entre outros”, pontua a publicação.
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De acordo com a pesquisa, no atual cenário de emergência climática e de aquecimento global, o aumento do nível dos mares é um processo que afeta principalmente cidades costeiras como Recife.
No contexto urbano, ainda destaca que as injustiças socioambientais e o racismo ambiental também causam efeitos desiguais para a saúde coletiva ao relembrar que no ano de 2015 uma epidemia da Síndrome Congênita do Zika tornou-se emergência internacional, e Pernambuco se destacou como foco de transmissão e notificação da doença no Brasil.
Na cidade de São Paulo, 37% da população é negra, já nas áreas com risco de deslizamento, a proporção é de 55%. Mulheres que ganham até um salário mínimo, responsáveis pelo domicílio, são 8,4% da capital paulista, mas 12,6% nas áreas com algum grau de risco geológico.
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