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“Inadequado”, diz Gonzalo Vecina sobre nomeação de doenças como a varíola dos macacos

Após morte de animais, OMS procura novo nome que não prejudique espécies e regiões


17/08/2022 08h04

Após o registro de mortes de macacos nas últimas semanas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) quer renomear a doença hoje conhecida como varíola dos macacos. Para a mudança, pediu ajuda da população nessa terça-feira (16) para encontrar uma designação menos estigmatizante.

Entre as sugestões recebidas até o momento pela organização estão Poxy McPoxface, Trump-22 ou Mpox. Para a porta-voz da OMS Fadela Chaib, “é muito importante encontrarmos um novo nome para a varíola dos macacos, porque esta é a melhor prática para não criar nenhuma ofensa a um grupo étnico, região, país, animal”.

No Brasil, mais de três mil casos foram diagnosticados. O país além de ter sido o primeiro a registrar a primeira morte pela doença fora da África, é o quarto com o maior número em todo o planeta, atrás somente dos Estados Unidos, Espanha e Alemanha.

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Apesar de darem nome à doença, os macacos não são responsáveis pela transmissão atual, além de não serem os hospedeiros originais do vírus. Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), explica que ela foi identificada, inicialmente, em 1958 na África, principalmente na África Central e Ocidental. “É uma doença que acreditamos que seja de ratos. Eles a passaram para os macacos e eles passaram para o homem, essa provavelmente é a sequência. Isso porque algumas espécies de macacos se alimentam de carne também”.

“Eles devem ter comido ratos que tinham essa varíola e passaram a tê-la. Aí o homem, que se alimenta de macacos também pegou essa doença, e agora temos essa transmissão entre os seres humanos”, complementa.

Para ele, nomear microrganismos que transmitem doenças citando o último animal ou espaço físico é inadequado e um erro. “Temos que começar a pensar um pouco mais sobre como iremos chamar essas descobertas para não criar uma saia-justa como essa”, expõe.

Ainda segundo o especialista, a decisão de alterar a nomeação, como foi anunciado nos últimos dias, "deveria ter sido feita antes, acho muito difícil mudar isso agora”, argumenta.

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A comunicação, segundo Vecina, é vital não só para o combate ao vírus, mas também em relação à desinformação em circulação. A presença de campanhas promovidas pelo Governo Federal também faz falta, de acordo com o médico.

“Essa questão da comunicação não é levada a sério, eu não tenho dúvidas que seria fundamental que houvesse campanhas para deixarem mais claro para a população qual é o caminho que temos que trilhar para enfrentar de maneira mais adequada essa doença”, pontua.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin, autorizou nesta terça-feira que o Governo Federal veicule campanha de prevenção no rádio e na televisão durante este mês.

Em que situação se encontra o Brasil?

Durante a entrevista, o médico sanitarista ressalta que apesar da taxa de letalidade ser baixa e a de transmissão relativamente menor em comparação com os números da Covid-19, o país ainda precisa ter “capacidade de identificar casos clinicamente, testar para comprovar o diagnóstico correto e isolar as pessoas infectadas”.

“Temos poucos laboratórios oficiais que fazem essa testagem, no Brasil são só quatro, então tem que pegar, colher a secreção, mandar para um laboratório e isso tem que chegar lá, passar por análise e voltar, algo demorado demais”, destaca.

Atualmente, no território nacional apenas o Instituto Adolfo Lutz, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro e a Fundação Ezequiel Dias realizam todo esse processo.

Em publicação feita na última sexta-feira (12), o Ministério da Saúde ressalta que “as transmissões do surto atual, que atinge mais de 75 países, foram atribuídas à contaminação de pessoa para pessoa, com contato próximo”.

De acordo com a pasta, a principal forma de transmissão ocorre por contato direto (pele, secreções) e exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias. Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infectantes, o que significa que o vírus pode passar pela saliva. Além disso, pode ocorrer ao ter contato com objetos recentemente contaminados, como roupas, toalhas, roupas de cama, ou objetos como utensílios e pratos.

Entre os sinais e sintomas, em geral, estão erupções cutâneas ou lesões de pele, adenomegalia - linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.

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