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Nos últimos dias, o número de casos de Covid-19 pelo país apresentou aumento relevante. No Boletim InfoGripe da última sexta-feira (18), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que o vírus representa cerca de 47% dos diagnósticos de doenças respiratórias das últimas quatro semanas.

Com crescimento nas tendências de curto (últimas três semanas) e longo prazo (últimas seis semanas), esse indício está mais presente entre os adultos e em 12 dos 27 estados, são eles: São Paulo, Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro, Piauí, Alagoas, Pará, Rio Grande do Norte, Amazonas, Paraíba, Ceará e Santa Catarina.

Um dia antes, no dia 17 de novembro, o país voltou a registrar mais de 30 mil testes positivos em um período de 24 horas, marco que não se atingia desde o dia 10 de agosto. A Rede de Alerta de Variantes do Sars-Cov-2, coordenada pelo Instituto Butantan, em São Paulo, também identificou duas novas subvariantes da ômicron pela primeira vez no Brasil, a XBB.1 e a CK.2.1.1.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, Marcelo Gomes, pesquisador de Saúde Pública na Fiocruz e coordenador do Boletim InfoGripe, fala sobre as principais dúvidas que cercam a população com o atual cenário, como por exemplo, a necessidade da aplicação das doses de reforço da vacina contra a Covid-19 e o uso de máscara.

De acordo com ele, o aumento do número de casos é resultado de uma combinação de vários fatores, entre eles, as novas variantes e o período de tempo desde o último pico, fato que faz com que o uso de máscara volte a ser recomendado. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, reforçou nesta sexta-feira (18) a importância do uso de nos transportes públicos e em todos os ambientes, fechados e em aglomeração.

“Essa ideia de voltar a usar máscara em situações específicas como é o caso do transporte público, locais fechados e ambientes com muitas pessoas, são situações que voltam a ter aconselhamento, é recomendado que a gente volte a ter esse cuidado para justamente podermos diminuir esse impacto e de alguma maneira diminuir a facilidade com que o vírus circula na nossa população”, destaca Marcelo.

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Imunização

Ao falar sobre as vacinas bivalentes, que surgiram com o objetivo de apresentarem uma resposta melhor a ômicron e suas linhagens em comparação com a vacina original, o especialista expõe que o surgimento da nova não faz com que a antecessora deixe de funcionar no combate ao vírus.

“Se a pessoa que ainda não tomou sua dose de reforço está na dúvida se espera ou não chegar às novas vacinas, não deve esperar. Tome, fique em dia o mais rápido possível, porque o cenário já está dado, já está colocado que estamos com esse aumento [de casos] em diversas localidades, é preferível a gente estar com a vacina em dia do que ficar esperando, não sabemos quando as novas vão chegar no Brasil”, explica.

Ele ainda destaca que ao avaliar quadros de pacientes, os profissionais continuam a ver diferença entre quem não se vacinou, quem só tomou a primeira e segunda dose e entre aqueles que estão com a sua vacinação em dia, de acordo com a sua faixa etária. “A diferença continua sendo impactante, justamente em termos de hospitalização, esse é o principal impacto que a gente continua vendo tanto lá fora quanto aqui no Brasil”.

Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) divulgados na última sexta-feira (11), mais de 69 milhões de brasileiros ainda não voltaram aos postos para receber a primeira dose de reforço da vacina. Já 32,8 milhões de pessoas poderiam ter recebido a segunda dose de reforço contra a doença, mas ainda não se vacinaram. Ao questionar se o correto é aumentar a quantidade de imunizantes de reforço ou dar enfoque entre aqueles que ainda não tomaram todas as doses, ele destaca que o ideal é que as duas ações fossem promovidas em conjunto.

“Ter públicos diferentes em compassos distintos em relação ao seu status vacinal não ajuda, é um fator complicador, porque a gente tem parcelas da população com graus distintos de proteção. [...] Chegar nesse momento e se perguntar se é preferível a gente focar apenas nos grupos de maior risco e entrar com mais uma dose de reforço ou todo mundo estar no seu status recomendado, o ideal é que essas coisas não fossem uma em detrimento da outra”, expõe.

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