A greve de diversos setores do funcionalismo público do estado de São Paulo foi confirmada para esta terça-feira (28). Sindicatos e movimentos sociais que participam da paralisação unificada, incluindo o Sindicato dos Metroviários, pediram nesta segunda (27) uma reunião com o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), e com o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No ofício, o qual a TV Cultura teve acesso, a solicitação tem o intuito de "estabelecer um diálogo sobre o funcionamento da cidade de São Paulo e outros grandes centros urbanos” durante a data. Entre os objetivos do encontro está o de pensar em ações para reduzir os impactos da paralisação.
De acordo com Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo, não é intenção do movimento causar transtornos à população.
"Os usuários são nossos aliados na luta contra a privatização porque também serão prejudicados com a venda da Sabesp, do transporte público e dos cortes na educação. A nossa intenção com a greve, portanto, não é prejudicar a população, mas sim fazer o governador recuar nos seus objetivos de vender serviços essenciais do estado”, afirmou a presidente em nota enviada ao site da TV Cultura.
A greve, que envolve ainda cerca de 40 entidades, como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), é contrária aos cortes de verba na educação, além das privatizações e terceirizações propostas no governo Tarcísio.
O que deve funcionar?
A fim de minimizar efeitos da greve unificada, o governador Tarcísio de Freitas determinou ponto facultativo em todos os serviços públicos estaduais da capital nesta terça-feira (28).
Os serviços de segurança pública não deverão ser afetados, assim como os restaurantes e postos móveis do Bom Prato. As consultas em Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) da capital e em outras unidades de saúde estaduais, além dos serviços do Poupatempo, poderão ser reagendados em nova data.
Mais de 1,2 milhão de estudantes que realizariam o 'Provão Paulista', com início previsto para esta terça, também tiveram suas provas reagendadas para a partir de quarta-feira (29). Vale destacar que o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) também aderiu ao movimento.
De acordo com nota do governo, os serviços concedidos do metrô e trens vão funcionar normalmente nas Linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda.
Sob pena de multa diária de R$ 30 mil ao sindicato, 70% dos trens da CPTM deverão operar nos horários de pico e 50% nos demais períodos.
O Governo de São Paulo também protocolou um pedido de tutela antecipada na Justiça contra a paralisação pelos metroviários. O pedido do Metrô, que ainda aguarda decisão final do judiciário, obriga a presença de 100% dos funcionários do sistema de transporte durante os horários de pico e de pelo menos 80% no restante do dia.
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Catraca livre?
Em conversa com jornalistas no último sábado (25), Tarcísio afirmou ser contrário a liberação das catracas durante a greve.
“Algum governador topou catraca livre na história? Não, porque tem uma razão de segurança para isso. Liberar a catraca livre é uma irresponsabilidade, e não vamos ser irresponsáveis”, afirmou o governador na ocasião.
Ainda que Tarcísio tenha negado a catraca livre, os metroviários ainda consideram tal ação durante a paralisação.
“Propomos que o governador autorize a catraca livre no dia 28, para manter a circulação de pessoas na cidade e, ao mesmo tempo, garantir o direito constitucional de greve da categoria. Nós, do movimento, estamos propondo concretamente uma solução. Liberar as catracas é possível. Foi feito no Enem. Se a preocupação do governador com a população é verdadeira mesmo, por que ele não libera as catracas?", enfatiza Camila em nota.
Na tarde desta segunda (27), a partir das 15h45, o sindicato também participou de uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho, onde apresentou novamente a proposta de catraca livre.
As entidades participantes da greve ainda estão organizando um protesto para às 15h desta terça (28) em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
O portal da TV Cultura entrou em contato com o Governo de São Paulo para um posicionamento. Em comunicado, a gestão estadual considerou a greve "irresponsável" e movida por "interesses políticos".
"O Governo age para que a população não seja prejudicada, já que a greve é motivada por interesses políticos e a pauta principal dos sindicatos não está ligada a causas trabalhistas. A irresponsabilidade dos grevistas afeta 1,2 milhão de estudantes inscritos no Provão Paulista, cujo exame começaria no dia 28 e teve que ser adiado para que nenhum aluno seja prejudicado", disse o governo em nota.
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