Nos primeiros meses deste ano, 27 casos de coqueluche foram confirmados em todo o estado de São Paulo, sem nenhum registro de óbitos até o momento, de acordo com dados divulgados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE).
Em 2023, ao longo de 12 meses, 53 casos foram contabilizados e nenhuma morte catalogada.
O número de resultados positivos chamou atenção, no entanto, o cenário atual não é alarmante, segundo o pediatra infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
“Esse aumento está longe dos números que vivenciamos no passado. Claro que qualquer doença preocupa, mas estamos longe de ter um cenário muito diferente. Na verdade não é um aumento expressivo, estamos apenas ‘recuperando’ as taxas. Provavelmente, estamos a caminho de taxas muito semelhantes às dos últimos anos”, expõe.
Ainda de acordo com o especialista, a infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella Pertussis apresenta um caráter de ondas. “Acaba que em um certo tempo, os infectados, que não ganham uma imunidade definitiva, voltam a se infectar de cinco a 10 anos, então é normal que com o passar desse período surja uma onda esperada de coqueluche. A última foi em 2014, com muitos casos e altas taxas de transmissão”.
No entanto, apesar do número de casos não representar a existência de uma epidemia, a doença tem vítimas relevantes em seu radar, os lactantes, crianças que se encontram no primeiro semestre de vida e que ainda não completaram seu esquema vacinal inicial.
“Quando se olham os óbitos, 80% a 90% deles está no primeiro ano de vida, e metade no primeiro semestre de vida. Essa é a grande preocupação quando se tem essas ondas. Quando o adulto e o adolescente pegam a coqueluche acabam apenas apresentando uma tosse comprida, que dificilmente evolui para a forma grave”, ressalta Kfouri.
Entre o público mais velho, o sintoma pode se apresentar como uma sinusite, resfriado ou uma tosse que não vai embora, enquanto entre os pequenos pode evoluir para uma insuficiência respiratória. Uma tosse que é difícil de ser acalmada e que pode vir acompanhada de febre, além de outras complicações, como convulsões por falta de oxigênio.
Quando a vacina deve ser aplicada?
Disponível gratuitamente em todos os postos de saúde do país, a vacina é dada em cinco doses, aos dois, quatro e seis meses, com um reforço aos 15 meses e outro aos quatro anos. Grávidas também devem ser imunizadas.
Fora desse grupo, adolescentes e adultos também podem ser vacinados, no entanto, as doses só são encontradas em clínicas privadas, já que o Governo Federal só as disponibilizam para públicos prioritários.
Em caso de convívio com bebês, recomenda-se que o adulto se vacine contra a doença em busca de reduzir a chance de transmissão, já que como a gripe, o resfriado e a Covid-19, ela também ocorre pela via respiratória, pela tosse, espirro, fala e de pessoa para pessoa.
Devido a isso, duas estratégias são fundamentais nesses momentos de maior atividade com o objetivo de reduzir formas graves, segundo o especialista: vacinar grávidas para proteger os bebês e não imunizar as crianças com atraso, ou seja, com três, sete ou aos nove meses, porque isso vai deixá-los desprotegidos no período de maior vulnerabilidade.
Como a coqueluche é tratada?
Por se tratar de uma bactéria que necessita de um tratamento simples, ele é feito com o uso de antibióticos, que podem ser encontrados com facilidade e devem ser prescritos por um médico especialista, conforme cada caso, segundo o Ministério da Saúde.
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