Em discurso durante a Cúpula do Futuro, realizada neste domingo (22) em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou mais "ambição e ousadia" dos líderes mundiais.
"A crise da governança global requer transformações estruturais. A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais".
Para ele, os chefes de Estado e de governo têm duas "grandes responsabilidades": não retroceder nas garantias de direitos humanos e "abrir caminhos diante de novos riscos e oportunidades".
No ano passado, o Brasil não conseguiu aprovar uma resolução no Conselho de Segurança sobre o conflito envolvendo Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Na ocasião, o voto dos Estados Unidos – um membro permanente – inviabilizou a proposta.
A fala dele, no entanto, foi interrompida após o áudio do microfone ser cortado por ultrapassar o tempo limite de cinco minutos de duração. O fato se deu enquanto fazia críticas às organizações internacionais e pontuava que o Sul Global “não está representado de forma condizente com seu atual peso”. Além dele, os representantes de Serra Leoa e Iêmen também foram interrompidos.
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O petista viajou para os Estados Unidos no sábado (21), com o intuito de participar da 79ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas, que acontece na próxima terça-feira (24). Por tradição, cabe ao atual chefe de estado brasileiro abrir os discursos de presidentes, primeiros-ministros e chanceleres no encontro anual.
No evento deste domingo (22), que reúne líderes mundiais para debater formas de enfrentar as crises de segurança emergentes, acelerar o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e abordar as ameaças e oportunidades das tecnologias digitais, a ONU espera que os governantes sinalizem a adesão ao Pacto pelo Futuro.
O documento de 42 páginas que conta com metas e compromissos para, nas palavras da organização, "garantir um futuro mais justo, seguro e sustentável”, inclui temas defendidos pela diplomacia brasileira e por Lula, como:
a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas;
a reforma do sistema financeiro internacional para impulsionar o desenvolvimento sustentável;
o fortalecimento de entidades multilaterais como a própria ONU e a Organização Mundial do Comércio (OMC);
a implementação de políticas de igualdade de gênero e combate às violências e discriminações baseadas em sexo, gênero e raça;
o fortalecimento das ações contra a mudança climática, com a concretização dos compromissos assumidos pelos países em documentos como o Acordo de Paris.
Além do presidente, compareceram à sessão na ONU a primeira-dama Janja Lula da Silva, o presidente do Senado Federal Rodrigo Pacheco (PSD-MG), os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente), além do assessor especial de Lula e ex-chanceler Celso Amorim.
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