O ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, réu pelas mortes de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, disse nesta quarta-feira (30) que ganharia R$ 25 milhões para matar a vereadora.
“Fiquei cego. Minha parte eram R$ 25 milhões. Podia falar assim: era o papa, que eu ia matar o papa, porque fiquei cego e reconheço. Vou cumprir o meu papel até o final, e tenho certeza absoluta de que a Justiça será feita”, disse em depoimento.
Durante o depoimento, Lessa afirmou que se arrepende de ter cometido o crime e pediu perdão para a família das vítimas.
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“Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e, com absoluta sinceridade e arrependimento, pedir perdão às famílias do Anderson, da Marielle, da minha própria e a toda a sociedade pelos atos que nos trazem até aqui”, declarou.
“Infelizmente, não podemos voltar no tempo, mas eu tento fazer o possível para amenizar essa angústia de todos, assumindo minha responsabilidade e revisitando todos os personagens envolvidos nessa história”, complementou Lessa.
Julgamento
O julgamento em júri popular dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz começou na quarta-feira (30) e termina nesta quinta (31).
Acusados de executar o crime, a dupla está detida em unidades fora do estado e participa da sessão por videoconferência. Atualmente, Lessa se encontra no Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, enquanto Queiroz, no Complexo da Papuda, em Brasília.
Entre as testemunhas, sete foram indicadas pelo Ministério Público (MP), incluindo a viúva de Anderson Gomes, a mãe de Marielle Franco e a assessora dela que sobreviveu ao ataque. Outras duas testemunhas foram relacionadas pela defesa de Lessa.
Ronnie Lessa é acusado de ser o autor dos disparos, enquanto Élcio Queiroz teria dirigido o carro usado na execução. Ambos estão presos desde 2019. Na terça-feira (29), o MP-RJ informou que pretendia solicitar ao júri que os dois fossem condenados com a pena máxima prevista para os crimes, que somaria 84 anos de prisão.
Caso Marielle
Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados a tiros, em uma emboscada no Centro do Rio, em 14 de março de 2018.
Após seis anos do crime, uma delação premiada de Lessa revelou aos investigadores os mandantes do crime.
A Polícia Federal concluiu que a morte da vereadora foi encomendada por Domingos e Chiquinho Brazão. Além disso, também identificou que o delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio na época do crime, atuou no planejamento e para atrapalhar investigações.
Ronnie Lessa afirmou que a morte de Marielle foi planejada pelos irmãos Brazão como reação à atuação da vereadora contra um esquema de loteamentos de terra em áreas de milícia na Zona Oeste do Rio.
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