Prefeitura de SP suspende serviço de mototáxi da 99; empresa entra na Justiça contra decreto
Ricardo Nunes classifica serviço como “carnificina” e reforça proibição com base em decreto de 2023
15/01/2025 10h55
A Prefeitura de São Paulo determinou na terça-feira (14) a suspensão imediata do serviço de transporte de passageiros por motocicletas oferecido pela 99, denominado 99Moto.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que a modalidade é ilegal, descumpre decreto municipal e coloca em risco a segurança no trânsito. A 99, por sua vez, defende a legalidade do serviço com base na Política Nacional de Mobilidade Urbana, ingressando com um mandado de segurança contra a decisão.
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Segundo o político, a cidade enfrenta um aumento preocupante no número de mortes de motociclistas, com um crescimento de 37% nos óbitos registrados entre janeiro e julho de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023.
“Esses desgraçados vêm aqui, ganham dinheiro e ainda querem levar a vida das pessoas [...] Não usem isso, pelo amor de Deus. Vai ser uma carnificina”, declarou o prefeito em tom crítico, acusando a empresa de irresponsabilidade e priorização do lucro sobre a segurança.
A prefeitura baseia a suspensão no Decreto Municipal 62.144, de janeiro de 2023, que proíbe temporariamente o transporte remunerado de passageiros por motocicletas na capital. O Comitê Municipal de Uso do Viário notificou oficialmente a 99 e classificou a operação como “clandestina”. No entanto, o decreto não especifica prazos para a suspensão ou sanções para descumprimento, o que gerou críticas.
Defesa da 99 e reação judicial
A 99 afirma que a proibição é inconstitucional, argumentando que a legislação federal autoriza o transporte privado por motocicletas, cabendo aos municípios apenas regulamentar o serviço, não proibi-lo. A empresa também destacou a segurança de seu modelo, que inclui ferramentas de monitoramento, treinamento de condutores e seguro para passageiros.
“O transporte privado individual de passageiros por aplicativos é uma atividade legítima e protegida pela constituição. Mais de 20 decisões judiciais já reforçaram esse entendimento”, destaca em nota. A 99 também assegurou que continuará operando enquanto busca preservar os direitos de usuários e parceiros.
Debate e pedidos de regulamentação
O embate entre a prefeitura e a 99 provocou reações no Legislativo. A vereadora Renata Falzoni e a deputada federal Tabata Amaral, ambas do Partido Socialista Brasileiro (PSB), solicitaram esclarecimentos à prefeitura e à empresa, sugerindo a abertura de diálogo para discutir uma regulamentação específica para o serviço.
Entre os questionamentos feitos à prefeitura estão a existência de estudos sobre o impacto do transporte por motocicletas na cidade e a eficácia de medidas como a implantação da faixa azul para motociclistas. Já para a 99, os pedidos incluem informações sobre critérios de seleção de condutores e ações para reduzir acidentes.
Enquanto isso, o 99Moto segue operando em outras cidades da Grande São Paulo e capitais como Salvador, onde o serviço já foi regulamentado. Em São Paulo, porém, o futuro da modalidade depende agora de decisões judiciais e de possíveis avanços nas negociações entre as partes envolvidas.
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