A onda de calor que atinge o Brasil tem registrado temperaturas acima da média para este período do ano. Essa mudança representa um risco à saúde dos seres humanos, mas também dos animais domésticos, podendo levar à morte por hipertermia.
Bruno Divino Rocha, médico veterinário e presidente da Comissão Nacional de Estabelecimentos e Práticas Veterinárias do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), explica que cães e gatos não possuem glândulas de suor espalhadas por todo o corpo, como os humanos, mas apenas em regiões específicas. Por isso, sentem calor e são muito mais afetados por essa condição.
“A hipertermia ocorre quando a temperatura corporal atinge níveis que causam consequências graves para o funcionamento do organismo. Pode provocar convulsões, coma e até mesmo a morte”, esclarece.
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O veterinário ressalta que este é um período que exige muito cuidado não só com cães e gatos, mas também com outros animais, como aves, peixes de aquário e roedores. Além disso, qualquer animal com pelagem sente o aumento da temperatura.
“De qualquer forma, eles vão sentir esse calor excessivo. É claro que animais de pelo curto levam uma pequena vantagem nesse ponto, mas se a pelagem for escura, especialmente preta, eles absorvem calor da mesma forma”, explica.
Sinais de alerta para os tutores
A principal forma dos animais dissiparem o calor e reduzirem a temperatura corporal é por meio da respiração. Por isso, é importante ficar atento a alguns sinais, como:
- Respiração rápida e ofegante
- Salivação excessiva
- Temperatura corporal elevada
- Cansaço excessivo
- Maior procura por água
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“Na hipertermia, pode haver um momento em que o animal tenha convulsões. Se, em uma situação de calor, ele estiver deitado, inconsciente, com salivação excessiva e até mesmo apresentando movimentos involuntários, isso indica um quadro grave. É essencial reduzir sua temperatura rapidamente para evitar o óbito”, alerta Bruno.
O veterinário também enfatiza que o momento certo para levar o animal ao hospital veterinário é quando os tutores percebem que ele, além de salivar muito, começa a cambalear, não responde aos chamados ou permanece deitado sem reação.
Prevenção e cuidados
Para prevenir esses casos e garantir a saúde do animal, é fundamental seguir três recomendações: disponibilizar sombra, proporcionar ventilação e oferecer água fresca à vontade, o tempo todo.
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Se o pet tiver pelagem densa, for obeso ou estiver ofegante mesmo sem esforço, é essencial garantir um local com sombra e corrente de ar.
“Pode ser vento natural, ventilador ou ar-condicionado. Se optar pelo ar-condicionado, o ideal é usá-lo junto com um umidificador para evitar o ressecamento das vias respiratórias, que depois possa trazer alguma doença ao animal”, orienta.
Entre as medidas que ajudam a controlar casos de hipertermia, é recomendado baixar a temperatura do animal com um banho de água morna a fria, mas nunca gelada. Como cães e gatos possuem uma temperatura corporal naturalmente mais alta que a dos humanos, a água fria para nós será confortável para eles, ajudando a reduzir sua temperatura.
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Raças mais afetadas
O veterinário destaca que, em casos de calor extremo e hipertermia, as raças braquicefálicas - aquelas com focinho curto e cabeça achatada - são as mais vulneráveis. Entre elas estão:
- Pug
- Shih Tzu
- Buldogue Francês
- Buldogue Inglês
- Pequinês
- Maltês
“As raças braquicefálicas são mais suscetíveis porque a regulação da temperatura corporal ocorre principalmente pela respiração. Geralmente sua traqueia é mais estreita e muitas vezes apresenta malformações que dificultam essa dissipação do calor”, explica Bruno.
Além dessa raça, cães de pelo longo e escuro também requerem atenção extra, pois absorvem mais calor.
Passeios têm horário certo?
Assim como os humanos, os animais também têm um horário ideal para brincar e passear no sol, com segurança. O recomendado é sair entre 6h e 9h da manhã e após às 17h30 e 18h da tarde.
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“Passeio tem hora certa e também roupa certa. Mesmo com o sol baixo, o cimento e o asfalto podem estar quentes, por isso é ideal que os tutores coloquem um sapato para proteger as patas desses animais e evitar queimaduras nos coxins”, destaca o veterinário.
Outra recomendação importante é aplicar protetor solar específico para animais em regiões sem pelo, como o focinho, principalmente em pets de pele clara, pois são mais sensíveis à radiação solar.
Por fim, Bruno orienta que, em casos de emergência, os tutores podem acessar o site do CFMV, onde há uma aba para busca de profissionais veterinários por nome e localização.
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