O Brasil perdeu 400 mil hectares de superfície de água em 2024, o equivalente a mais de duas vezes a cidade de São Paulo, segundo dados do MapBiomas divulgados nesta sexta-feira (21).
O território coberto por corpos hídricos e reservatórios caiu para 17,9 milhões de hectares, uma redução de 2% em relação a 2023. O total também é 3,2% menor que a média da série histórica iniciada em 1985.
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A perda de superfície hídrica em 2024 marca o segundo ano seguido de queda. Em 2023, a área coberta por água já havia diminuído 2,6% em comparação a 2022. Nos últimos 15 anos, apenas 2022 ficou acima da média histórica, enquanto os primeiros 15 anos da série (1985 a 1999) registraram valores consistentemente elevados. “Nunca mais atingimos o patamar de disponibilidade hídrica da década de 1990”, alerta Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.
Pantanal é o bioma mais afetado
O Pantanal foi a região mais atingida pela seca extrema. Em 2024, sua superfície de água ficou em 366 mil hectares, 61% abaixo da média histórica. O bioma teve redução de 4,1% em relação a 2023 e enfrentou todos os meses do ano com valores próximos dos mais baixos já registrados.
“Desde a última cheia, em 2018, o Pantanal tem sofrido com períodos prolongados de seca. Em 2024, a situação se agravou, aumentando a incidência e propagação de incêndios”, explica Eduardo Rosa, também do MapBiomas Água.
Amazônia também registra queda
A Amazônia, que concentra 61% da superfície hídrica do país, também sofreu impactos severos. Em 2024, a região perdeu 1,1 milhão de hectares de água em relação a 2023 e 4,5 milhões comparado a 2022. No total, 63% de suas bacias hidrográficas registraram perdas.
Cresce a dependência de reservatórios
A pesquisa aponta que a água antrópica — armazenada em reservatórios artificiais — cresceu 54% desde 1985. No Cerrado, por exemplo, 60% da superfície hídrica já é composta por represas e barragens, enquanto rios e lagos naturais seguem encolhendo. “Estamos armazenando mais água, mas o ambiente natural está secando, o que compromete o abastecimento futuro”, destaca Schirmbeck.
Os especialistas alertam que eventos climáticos extremos e alterações no uso do solo estão tornando o Brasil mais seco. A proteção de nascentes e a preservação de áreas úmidas são apontadas como soluções para mitigar os impactos da crise hídrica.
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