Marcelo Tas entrevista a fotojornalista Gabriela Biló no Provoca desta terça-feira (18). Durante o programa, a profissional comenta sobre seu novo livro Juízo Final: a trama golpista e revela registros marcantes ao longo da carreira. A atração vai ao ar às 22h, na TV Cultura.
A conversa inicial gira em torno do novo fotolivro, feito em parceria com Pedro Inoue, Cristiano Botafogo e Pedro Daltro, previsto para ser lançado no início do ano que vem, que traz um panorama dos últimos anos do governo brasileiro.
Ela fala sobre a dificuldade em captar momentos relevantes dentro deste contexto. “Quanto tempo da sua vida é gasta esperando a hora da foto?”, pergunta Tas. De prontidão, Gabriela responde “Quase inteira (...) É tipo pescaria, só que é mais difícil, porque só tem um peixe no lago”.
Dando continuidade sobre os desafios da profissão, Gabriela conta que costuma se preparar com antecedência para coberturas especiais, como uma posse presidencial, por exemplo. “Eu chego muito cedo para conseguir meu lugar bom, porque é uma foto muito importante. É uma foto que eu só faço de quatro em quatro anos. E ela nunca é a mesma (...) A minha foto, eu cheguei na fila às 5h da manhã e o meu primeiro clique, acho que foi às 4h30 da tarde. Então, assim, é muita espera”, diz.
Ela ressalta, ainda, que seu foco principal está em informar as pessoas, por meio das fotos, para que a sociedade tenha suas próprias opiniões e serem suas próprias vozes. “Quando a gente pensa no mundo de imagens que ninguém nem mais lê, se eu consigo informar uma fração de segundos, acho que estou contribuindo um pouquinho”, reflete.
Ao final, Gabriela Biló, nascida em São Paulo, mas que hoje mora em Brasília, revela que antes de ser fotógrafa trabalhou como garçonete, monitora de acampamento, animadora de torcida, repórter de jornal impresso, apresentadora e assessora de imprensa. “Eu usei muito a faculdade para experienciar e aí testar tudo”.
Sobre Gabriela Biló
Gabriela Biló é uma fotojornalista paulistana reconhecida por seu olhar singular sobre o poder e por registrar alguns dos momentos mais decisivos da política brasileira contemporânea. Seu caminho na fotografia começou de forma intuitiva, ainda na adolescência, mas ganhou sentido real durante a faculdade de Jornalismo na PUC-SP, quando descobriu no fotojornalismo uma forma de confrontar o próprio medo da morte: tornar imortal a maneira como enxerga o mundo. Com formação em artes variadas — do desenho ao piano clássico — Biló sempre transitou pela sensibilidade estética, mas encontrou na fotografia o espaço onde poderia transformar sua percepção em documento e memória.
Seu trabalho a levou do início na Futura Press ao Estadão e, posteriormente, à Folha de S.Paulo, onde atua atualmente. Reconhecida internacionalmente, foi laureada com o World Press Photo em 2024, além de prêmios como o Vladimir Herzog e o Mulher Imprensa, consolidando-se como uma das vozes visuais mais relevantes da imprensa brasileira.
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