Coluna Hábito de Quadrinhos

Semana das Mulheres: 5 quadrinistas de 5 continentes que eu gostaria de ver (re)publicadas por aqui


07/03/2022 12h06

Estamos na Semana das Mulheres – uma boa oportunidade para buscar o nome de quadrinistas consagradas e que sejam inéditas por aqui (ou praticamente isso). Fiz uma pequena lista com nomes que acho que seriam ótimos acertos das editoras caso brindassem a nós, leitores, com seus trabalhos.

Procurei ser eclético: os cinco continentes estão representados, e também há gêneros diferentes: do drama no mangá 'Fire!' à comédia romântica do webtoon 'Lore Olympus', passando pelo humor de 'Cathy', o realismo de 'Aya de Yopougon' e o suspense de 'Cassandra Darke'.

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Cathy Guisewite (Estados Unidos)

Cathy escreveu e desenhou, de 1976 a 2010, uma tira diária que tratava do cotidiano e das desventuras de uma mulher que tenta se equilibrar, segundo ela mesma, em quatro eixos: família, amor, trabalho e comida. O nome da personagem é o mesmo da tira – e da autora: Cathy, embora não se trate de uma obra autobiográfica (o nome completo da personagem é Cathy Andrews Hillman, e o da autora, Cathy Guisewite). Suas histórias são engraçadas, doces e, acima de tudo, humanas.

Cathy já saiu em livro por aqui: 'Mais uma fantástica noite de sábado sozinha em casa' é de 1983 – boa sorte ao tentar encontrar um exemplar em algum sebo...


Hideko Mizuno (Japão)

Hideko Mizuno tem muita história para contar – inclusive sobre ela mesma. Hoje com 82 anos, a mangaká começou a criar quadrinhos em 1956 – ou seja, tem mais décadas de carreira do que eu de vida. Foi assistente de Osamu Tezuka, mas alçou voos próprios.

Os trabalhos mais relevantes de Hideko Mizuno são 'Honey Honey no Suteki na Bouken' (que virou o animê 'Honey Honey', exibido pelo SBT aqui no Brasil nos anos 80) e 'Fire!' (vencedor do Shogakukan Awards de melhor quadrinho do Japão de 2019). Em 2012, ela lançou um vídeo de 32 minutos que ensinava a desenhar mangás.

Marguerite Abouet (Costa do Marfim)

O último trabalho da roteirista marfinense Marguerite Abouet a sair por aqui foi estrelado por 'Akissi', personagem voltado para o público infantil. Mas o seu trabalho mais reconhecido é 'Aya de Yopougon', uma ótima série de graphic novels ambientadas na Costa do Marfim.

Aya” retrata histórias cotidianas, humanas, que misturam drama e comédia. Dos seis volumes da série original, apenas os dois primeiros saíram no Brasil. Uma pena: é um grande material, que valeria ser publicado na íntegra (de preferência, recomeçando desde o número um).

Posy Simmonds (Inglaterra)

Assim como Cathy Guisewite, Posy Simmonds já teve um livro publicado no Brasil. E, assim como no caso de Cathy, eu acho é pouco. 'Gemma Bovery', que saiu por aqui em 2006, é uma ótima amostra de seu trabalho: roteiro inteligente e sensível, arte linda e envolvente, totalmente casada com o texto – inclusive, nesta obra, em parte uma homenagem a 'Madame Bovary', em certos momentos Simmonds abre mão da narrativa em quadrinhos e passa a contar a história em prosa, para retomar o formato de HQs mais adiante.

Mas se 'Gemma Bovery' é uma ótima amostra, por que não degustarmos o resto? 'Tamara Drewe' e 'Cassandra Darke', obras posteriores, são no mínimo tão incríveis quanto. Em um momento em que as editoras brasileiras estão trazendo ótimos autores para cá, Posy Simmonds seria uma adição de peso.

Rachel Smythe (Nova Zelândia)

Já mencionei Rachel Smythe aqui na coluna. Sua engraçada e doce webtoon 'Lore Olympus' é uma comédia romântica que traz a história de amor entre Hades e Perséfone lá da mitologia grega para o século 21. Não é uma tarefa fácil, mas ela a executa com muito humor e delicadeza, mesmo quando tem de passar por temas mais sérios (e a mitologia grega está repleta deles).

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