Ele é preguiçoso, atrapalhado e um clássico dos quadrinhos europeus: Gaston Lagaffe! Um dos personagens mais divertidos das “bandas desenhadas” francobelgas vai voltar a ter histórias próprias após 30 anos – e, pela primeira vez, sem a participação de seu criador.
Mas temo estar contando esta história rápido demais.
O roteirista e ilustrador belga André Franquin (1924-97) era, em 1957, famoso pelas histórias do Spirou - personagem não inventado por ele e famoso a ponto de emprestar seu nome a uma prestigiosa revista francesa de quadrinhos. Pois bem, por algumas edições daquele ano, marcas de pegadas apareciam nas páginas da revista 'Spirou', sem que se soubessem a quem pertenciam. Era um mistério para os leitores, que foi resolvido com a aparição dele: Gaston Lagaffe!
Gaston era um rapaz calmo, sem pressa ou preocupação, que apareceu na revista a pedido de alguém, que ele não lembrava quem era... Seria ele desligado? Distraído? Ou folgado mesmo? De qualquer maneira, a criação de Franquin agradou. As histórias Gaston passaram a sair em 'Spirou', sem regularidade definida, e depois eram reunidas em livros – foram 19 volumes no total.
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Gaston não aparecia em todas as edições, mas havia uma constante nas suas histórias: a participação de seu criador, Franquin. Por vezes atuando com colegas no roteiro, mas sempre ilustrando sozinho, o belga participou de todas as histórias do seu personagem até 1991, quando saiu sua última aventura... por enquanto.
A editora belga Dupuis anunciou há três semanas que lançará, em outubro, o álbum 'Le Retour de Lagaffe' (“O retorno de Lagaffe”, em tradução livre). A responsabilidade por quebrar três décadas de silêncio (que responsabilidade, hein?) será do casal canadense Maryse Dubuc (roteiro) e Marc Delaf (arte) - eles já atuam juntos em 'The Bellybuttons', inédita por aqui.
Gaston é praticamente desconhecido aqui no Brasil. Procurei em sebos virtuais e no ótimo site Guia dos Quadrinhos e não achei nenhuma edição com o jovem como protagonista – apenas três livros em que faz participações especiais – duas deles de antes de eu nascer...
Desconhecido no Brasil, mas não inédito em língua portuguesa, graças a nossos amigos do outro lado do Atlântico. Portugal já publicou todos os 22 livros estrelados por Gaston. Na sua primeira edição lusa, inclusive, traduziram o nome de Gaston para... Zacarias (!?!?!).
Enfim, curioso que Gaston vá retornar. Pode ser uma boa oportunidade para que editoras nacionais tragam seus álbuns originais aqui para o Brasil. De preferência, mantendo seu nome original – sem essa de Zacarias...
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