A jornada dos jovens pilotos no mundo do automobilismo normalmente começa pelo kart e segue nas categorias de base pelo mundo até chegar a tão desejada Fórmula 1. Porém, existem alguns atletas que fogem à regra, como é o caso do piloto do Tocantins, Felipe Fraga.

Após conquistar cinco títulos brasileiros no kart, optou por trilhar carreira no Campeonato Brasileiro de Turismo (atual Stock Series), no qual logo de cara foi campeão na temporada de estreia em 2013, com apenas 18 anos. A ótima performance atraiu os olhos de muitas figuras da Stock Car, inclusive do experiente chefe de equipe Mauro Vogel, que contratou o garoto tocantinense para sua equipe na maior categoria do país no ano seguinte.

Fraga não brincou em serviço e venceu a primeira etapa de 2014 em Interlagos. No restante da temporada, somou outra vitória em Goiânia e um pódio (2º lugar) em Salvador. Em 2016, todo o suor e esforço foram recompensados com o título da Stock Car pela equipe Cimed Racing, tornando-se então o campeão mais jovem da história no torneio.

Com participações ocasionais em provas no exterior, adquiriu aos poucos experiência nos carros de "Gran Turismo" e em pouco tempo ganhou destaque entre os pilotos estrangeiros. Entre as conquistas que leva no currículo, Felipe conta com as tradicionais 24 Horas de Daytona e a segunda colocação no maior evento do automobilismo, as 24 Horas de Le Mans na França, além de outras performances de destaque em provas de longa duração.

Há dois anos atrás, em uma mudança repentina na carreira, partiu em definitivo para a Europa e enfrentou os obstáculos da pandemia de Covid-19 na época. “Foi muito difícil, pois teve o surto de coronavírus e aí acabei jogando um ano fora. Em 2020 foram poucas corridas, de 20 que planejava participar, corri em apenas sete. Em 2021, as coisas começaram a entrar nos trilhos, virei piloto de fábrica da Mercedes”.

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Tendo competido tanto no modelo GT3 da Mercedes como no protótipo LMP3 do IMSA SportsCar nos Estados Unidos, Fraga destaca as principais diferenças em relação ao antigo Stock Car que pilotava no Brasil.

“Estudamos muito antes das corridas, o grupo de engenheiros é muito forte e te auxilia. Nos dois programas que estou participando, as equipes testam muito e dessa forma temos tempo para andar, aprender e fazer algo melhor. Lá os carros são muito tecnológicos, seria mais difícil voltar para andar nos carros da Stock Car, considerando que não tem ABS e nem controle de tração, é algo muito mais raiz, bem mais difícil”, revela Felipe.

A montanha russa de mudanças já virou parte da rotina no esporte a motor, mas a adaptação em novos campeonatos não parece ser algo difícil para o piloto. “A temporada 2022 tem sido a melhor da minha carreira, tive a oportunidade de ir para o DTM com a Red Bull e guiar um carro da Ferrari; tive de sair da Mercedes para fazer esse programa. Já mostramos que temos velocidade, de oito classificações fiquei seis no top-5, e das duas corridas que terminei, uma cheguei em segundo e a outra em primeiro. Estou em sexto no campeonato, sendo que só fiz duas etapas, algo inacreditável”.

Disputando corridas ao lado de montadoras internacionais e equipes de renome na modalidade, Fraga espera seguir em direção ao novo regulamento do Campeonato Mundial de Endurance. “Agora virão as novas categorias de protótipo, a LMDh por exemplo. Acho que será a melhor era do automobilismo na Europa e estou batalhando forte para estar em um desses carros, esse seria o próximo degrau da minha carreira”.

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