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Muitas pessoas têm o desejo de pilotar aviões e serem responsáveis por levar os passageiros para diversos destinos, mas poucas são aquelas que conseguem conquistar este objetivo.

O investimento financeiro alto e a demora para finalmente se tornar um profissional de aviação, já que é necessário fazer o curso teórico e prático, com provas, exames médicos e horas certas de voo, são alguns dos fatores que fazem as pessoas desistirem de seguir na área.

No geral, o interessado na área demora em média três anos para conseguir se tornar um piloto comercial (carteira necessária para ingressar em uma companhia aérea). São desembolsados em torno de R$ 140 mil, que pode variar para mais ou para menos, dependendo do valor do dólar, do combustível na época e de acordo com o avião usado no treinamento do aeroclube escolhido.

O site da TV Cultura entrevistou três pilotos que compartilharam suas trajetórias e driblaram as barreiras econômicas e temporais para se tornarem profissionais de aviação.

De comissário a comandante em companhia internacional

Enderson Rafael, de 40 anos, demonstrou interesse pela aviação aos 4 anos, quando andava para todo lado com o seu brinquedo favorito, um aviãozinho. Quando criança, viajava de Florianópolis, onde morava, até o Rio de Janeiro, para visitar os avós.

Na adolescência, Enderson morou em Teresópolis, onde não tinha aeroportos. Sua relação com a aviação se distanciou, então optou pela área de Publicidade e Propaganda na faculdade. Já formado, voltou para Florianópolis para trabalhar e na mudança de um emprego para outro, foi visitar sua família no Rio de Janeiro. "Foi a primeira vez em 15 anos que andei de avião. Eu tinha 24 anos e desci do voo transtornado, minha vida estava toda errada. Eu precisava arrumar um jeito de me pagarem para voar".

Em 2004, Enderson viu que conseguiria financiar as despesas do curso de comissário, diferente do de piloto, que na época já custava em torno do valor atual (R$ 140 mil). Era sua chance de entrar na aviação e não desperdiçou. Um ano depois de ter feito o voo como passageiro, ele estava sendo treinado por uma companhia aérea para se tornar comissário da empresa.

A companhia que trabalhava passou por uma crise em 2012 e para não ser demitido, Enderson pegou férias sem remuneração. Na mesma época houve um pico ótimo na área imobiliária, então ele vendeu seu apartamento que depois de sete anos teve uma valorização incrível.

Ele investiu o dinheiro em um curso nos Estados Unidos e com 30 anos, voltou para o Brasil com a carteira de piloto. "Eu continuei como comissário, mas quando surgiu uma oportunidade dentro da minha companhia, fiz o processo, passei e comecei a pilotar. Fiquei por 3 anos pilotando no país, antes de vir voar no Oriente Médio, em Doha, capital do Catar".

Buscando horas de voo no Amazonas

Patrícia Schintzius, de 52 anos, cresceu no sertão de Alagoas, e viu um avião pela primeira vez aos 12 anos, quando reagiu com lágrimas de alegria. "Eu achei a coisa mais linda do mundo", afirma relembrando o momento.

Aos 18 anos, não teve muita sorte, reprovou no exame médico, já que na época a visão precisava ser impecável, como a de um piloto de força aérea. Mas não desistiu da área, optou pelo curso de comissária e trabalhou por sete anos até finalmente conseguir passar no exame, com 24 anos.

Morando em Maricá, na região metropolitana do Rio de Janeiro, ela conseguiu fazer o curso de piloto, mas o valor para voar continuava caro e para ser contratada por uma companhia aérea, é necessário ter entre 500h e 1500h voadas, dependendo da empresa. Patrícia descobriu que no Amazonas era possível pilotar, já que havia uma escassez de pilotos no local. Viajou para lá, em 1995, para conseguir as horas necessárias.

Ela tentou a sorte em uma empresa de Táxi Aéreo. De primeira não ficaram muito felizes com uma mulher pilotando um avião, já que era algo incomum, mas sendo uma das únicas candidatas, foi contratada. A situação do local era precária. Patrícia comenta que nem sempre as pistas para pousar eram realmente pistas, muitas vezes ela pousava nas estradas ou na própria rua da cidade.

Foram quase dois anos vivendo essa aventura trabalhando como piloto de Táxi Aéreo. Algumas vezes ela tinha que passar a noite no destino do passageiro e raramente tinham hóteis ou lugares adequados para dormir. "Algumas vezes, se eram poucas horas no local e era durante a tarde, eu dormia embaixo da asa do avião mesmo. De noite, alguns moradores me hospedavam em suas casas".

Patrícia relata a experiência como "um aprendizado gostoso" e após conseguir todas as horas necessárias, tentou vaga para uma companhia aérea e foi aprovada, onde trabalha até hoje. "A vida vai te dar oportunidades muitas vezes boas para você desviar do seu sonho, mas tenha foco para seguir o caminho que você quer".

Explorando as áreas da profissão

Juliana Aparecida, de 42 anos, cresceu interessada por voar, mas o mais próximo que chegou do céu na sua infância era escalando até o topo de uma goiabeira, que ficava no quintal da sua casa em Minas Gerais. Na adolescência, percebeu que não poderia bancar o curso de piloto, mas não desistiu e seguiu o caminho de comissária para entrar na área de aviação.

Por volta dos 20 anos, em 2000, foi contratada por uma companhia aérea em São Paulo e pela primeira vez teve a oportunidade de voar. “Eu lembro de olhar pela janelinha e entender o que era voar, aquele frio na barriga. Foi ótimo”.

Foram longos seis anos na área, mas nesse meio tempo, com seu salário da época, iniciou o curso de piloto. Em 2005, estava habilitada a atuar como piloto comercial, em voo por instrumento e em multimotor, mas agora tinha que sobreviver trabalhando como piloto e resolveu fazer as aulas para ser instrutora.

Em 2007, Juliana estava oficialmente trabalhando como instrutora de voo. Após dois anos, arriscou uma oportunidade de emprego para ser copiloto. Em 2011, largou a vaga para trabalhar em uma empresa de voo cargueiro que tinha base em Belo Horizonte, para ficar mais próxima do seu filho que estava completando 4 anos. Por azar, a companhia teve alguns problemas e ela voltou a atuar como instrutora em um aeroclube.

Mais ou menos um ano depois, a piloto criou interesse por aviação agrícola, mas como o valor do curso na época custava R$ 37 mil, no Rio Grande do Sul, ela vendeu seu carro, para não se endividar. Juliana começou a trabalhar por lá, depois Ribeirão Preto, Luís Eduardo Magalhães e Maceió. Até que conheceu seu esposo norte-americano, que também é piloto e em 2018 mudou para os Estados Unidos, onde atua até hoje como piloto agrícola, que pulveriza e trata das lavouras em combate às pragas e piloto de translado, que leva um avião comprado para o destino dele.

"Eu gosto de voo solo, diferente dos meus colegas que querem construir carreira em uma companhia aérea. Eu gosto de avião convencional, que tem duas rodas no meio e uma no final, ele é mais trabalhoso na decolagem, mas é clássico. Eu gosto de fazer coisas que ainda não fiz, seja voar um avião diferente, seja fazer uma nova rota", finaliza a piloto.

Veja o Webstory "Passo a passo para se tornar um piloto" para entender como seguir na profissão.

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