O encontro do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com Beatrix von Storch, vice-líder do partido de extrema-deireita “Alternative für Deutschland” (AfD) e neta de um ministro de Hitler, na última segunda-feira (26), não deve ser utilizado como trunfo pelo grupo político. De acordo com analistas alemães, o encontro significou uma decisão independente da parlamentar. As informações são do Estadão.
De acordo com as pesquisadoras ouvidas, a fama mundial de Bolsonaro como permissivo com o desmatamento na Amazônia deve restringir a divulgação da reunião a publicações nas redes sociais de von Storch.
As recentes enchentes que atingiram diversas regiões da Alemanha e deixaram pelo menos 180 mortos no país colocaram as mudanças climáticas no centro do debate político. As eleições nacionais ocorrem em setembro deste ano. O AfD é o único partido no país a negar a interferência humana no aquecimento global.
Para a diretora do programa Futuro da Democracia no think tank alemão Das Progressive Zentrum, Paulina Fröhlich, por conta da questão climática, o encontro com Bolsonaro não é atraente para ser usado neste momento pela AfD. “Apesar de ser possivelmente reconhecido como positivo pelo núcleo duro de apoiadores do partido, eu diria que não ajuda a AfD com os indecisos, que não irão apreciar uma reunião com alguém responsável pelo enorme desmatamento de uma floresta”.
A jornalista e autora do livro Angst für Deutschland: Die Wahrheit über die AfD: wo sie herkommt, wer sie führt, wohin sie steuert (Medo pela Alemanha; a verdade sobre a AfD: de onde vem, quem a lidera e para onde está sendo liderada, em tradução literal), Melanie Amann, diz que von Storch é considerada uma parlamentar independente em seu partido, e toma decisões sobre sua agenda não necessariamente alinhadas às da legenda, o que a tornou não muito popular na sigla.
Na última pesquisa de intenção de votos para a eleição federal, divulgada na segunda-feira (26), a AfD aparece com 11% das intenções de votos, perto dos 13% alcançados na última eleição, em 2017.
O negacionismo e a falta de resposta para problemas reais impedem o crescimento da legenda, de acordo com Amann. “Durante a pandemia a AfD não teve conceito, solução. Eles só têm uma solução fácil, populista. Não têm realmente uma ideia de como governar o país de forma profissional”.
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