O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o “conceito de democracia é relativo” durante entrevista nesta quinta-feira (29). A declaração foi feita à Rádio Gaúcha, após ter sido perguntado sobre as eleições venezuelanas em 2024 e o motivo da esquerda insistir na defesa do regime de Nicolás Maduro, atual presidente do país.
"A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. [...] O conceito de democracia é relativo para você e para mim. Eu gosto de democracia porque a democracia que me fez chegar à presidência da República pela terceira vez. Por isso que eu gosto da democracia e a exerço na sua plenitude", afirmou Lula.
O presidente da República ainda prosseguiu: “quem quiser derrotar o Maduro, derrote nas próximas eleições agora, vai ter eleições, derrote e assuma o poder. Vamos lá fiscalizar, se não tiver uma eleição honesta, a gente fala”.
Ainda na entrevista, Lula destacou a importância de respeitar o resultado das eleições e apontou que os países erraram ao reconhecer o opositor Juan Guaidó na liderança venezuelana.
“O que não está correto é a interferência de um país dentro de outro país. O que fez o mundo tentando eleger o Guaidó o presidente da Venezuela, um cidadão que não tinha sido eleito. Se a moda pega, não tem mais garantia da democracia e não tem mais garantia no mandato das pessoas”, afirmou.
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Esta não é a primeira vez que Lula defendeu o governante venezuelano. Em maio deste ano, onze presidentes sul-americanos desembarcaram no Brasil e assinaram o "Consenso de Brasília”, que entre as medidas estava a declaração de compromisso com a democracia. Na época, Lula chegou a proferir que a ditadura na Venezuela seria uma questão de "narrativa".
A fala do presidente gerou uma repercussão negativa, sobretudo de chefes de Estado que vieram ao Brasil na ocasião. Os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou, discordaram do posicionamento do petista. Em resposta às críticas, Lula disse que "Ninguém é obrigado a concordar com ninguém".
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