Um levantamento confirmou que, no dia do segundo turno da eleição presidencial do ano passado, um terço das abordagens feitas por agentes da Polícia Rodoviária Federal em todo o país foram no nordeste, região onde Lula (PT) tinha vantagem sobre o então presidente Jair Bolsonaro (PL). A suspeita de uso da estrutura da corporação para fins eleitorais é investigada pela Polícia Federal.
As informações foram obtidas pelo jornal O Globo por lei de acesso à informação. Os dados mostram que 31,6% das abordagens naquele dia se deram no nordeste. Dos 9.133 veículos fiscalizados em todo país, 2.887 rodavam pelas estradas nordestinas.
A região tinha naquele momento 17,6% da frota de veículos do país, segundo o Ministério dos Transportes. O sudeste, que tem 47,8% da frota, registrou 27,8% (2.542) de abordagens.
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A Polícia Federal investiga se os bloqueios tiveram motivação política com o objetivo de dificultar o comparecimento de eleitores de Lula às urnas no dia 30 de outubro. O petista teve 66,76% dos votos válidos no nordeste, contra 26,97% de Bolsonaro.
No alvo das investigações estão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques.
Em depoimento à PF, Torres disse que não interferia no trabalho das polícias e que sua preocupação no segundo turno era com crimes eleitorais em geral, independentemente de candidato ou partido. Torres foi convocado para prestar esclarecimentos na CPMI de 8 de Janeiro. O depoimento está marcado para o dia 11 de julho.
Há duas semanas, aos parlamentares da comissão, Vasques negou irregularidades e ponderou que o nordeste tem a maior malha de rodovias federais, o que ajudaria a explicar, em parte, os números.
Assista à matéria sobre o tema que foi ao ar esta segunda-feira (3) no Jornal da Cultura:
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