Os mercados financeiros ao redor do mundo registraram fortes quedas nesta segunda-feira (7), aprofundando a crise desencadeada pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
A imposição de tarifas por Washington, seguida por retaliações de Pequim, provocou perdas históricas nas bolsas da Ásia, Europa e também nos futuros de Wall Street, alimentando temores de uma recessão global.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu mais de 13%, no pior desempenho desde a crise asiática de 1997. Em Tóquio, o Nikkei 225 recuou 7,9%, enquanto o Topix perdeu 7,7%. O mercado de Taipei sofreu queda de 9,7%, e o índice Taiex acionou disjuntores com a derrocada de ações como TSMC e Foxconn. Em Xangai, o índice Shanghai Composite perdeu 7,3%, e o CSI300 caiu cerca de 7%. A queda se espalhou por toda a região: Seul, Manila, Mumbai, Cingapura e Sydney fecharam no vermelho, com perdas entre 4% e 8%.
Leia também: Campanha nacional de vacinação contra a gripe começa nesta segunda (7); veja grupo prioritário
Grandes empresas foram duramente impactadas. A gigante japonesa Sony perdeu mais de 10% em valor de mercado, enquanto SoftBank caiu 11%. As chinesas Alibaba e JD.com desabaram 17% e 14%, respectivamente. A Samsung, na Coreia do Sul, cedeu mais de 5%.
Na Europa, os principais índices também registraram perdas expressivas. Frankfurt caiu até 10%, Milão recuou 7,5%, e Paris, Madri e Amsterdã perderam mais de 6%. Londres e Oslo registraram baixa superior a 5%. Entre as ações mais afetadas, destacam-se Airbus, Safran, Kering e Rheinmetall, com recuos entre 10% e 13%.
Nos Estados Unidos, os futuros das bolsas apontavam forte queda após perdas acumuladas de mais de US$ 5,4 trilhões em valor de mercado na semana anterior. O S&P 500 já acumula retração superior a 10% em dois dias, desempenho comparável apenas a momentos como a pandemia de Covid-19, a crise de 2008 e a “segunda-feira negra” de 1987.
As novas tarifas americanas começaram a vigorar no sábado (5), afetando amplamente produtos da China, Europa e até do Oriente Médio. A China respondeu com uma tarifa de 34% sobre bens americanos, ampliando o embate entre as duas maiores economias do mundo. Commodities também foram atingidas: o petróleo caiu mais de 3%, e o cobre ampliou suas perdas, refletindo temores de menor demanda global.
A crise abalou a confiança dos investidores, que buscaram alternativas mais seguras, como o ouro, embora até ele tenha sofrido desvalorização de mais de 4% desde a última quinta-feira (3).
Em meio ao caos, o presidente Donald Trump afirmou que não derrubou os mercados intencionalmente, mas se recusou a prever os próximos passos. Disse ainda que está disposto a negociar com a China, mas que o país asiático precisa resolver seu superávit comercial. Ele também sinalizou interesse em revisar os déficits com a União Europeia e o Japão, este último atingido por uma tarifa geral de 24% que entra em vigor nesta semana.
Líderes globais tentam conter a escalada. O primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba afirmou que buscará diálogo com os EUA o mais rápido possível. Já o presidente de Taiwan Lai Ching-te prometeu aumentar as importações de produtos americanos para reduzir o déficit e anunciou novos acordos de defesa. Economistas do Barclays e da Moody’s alertaram para o risco de desaceleração na Ásia e uma possível recessão nos EUA ainda este ano.
Leia mais: Caminhão com combustível tomba e explode na BR-101 em Santa Catarina
REDES SOCIAIS