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Reprodução | Marvel Comics
Reprodução | Marvel Comics

Gosto de aproveitar esta coluna para falar de lançamentos, comentar a trajetória de artistas e escrever críticas sobre obras que considero importantes. Mas às vezes gosto de compartilhar curiosidades - como esta, por exemplo.

Os mutantes Noturno e Tempestade são notórios membros dos X-Men. Mas, veja só, quase viveram suas aventuras em outra editora - e daqui a mil anos.

Os dois heróis surgiram na mesma edição, 'Giant-Size X-Men' nº 1, a obra que redefiniu os X-Men, apresentando um monte de personagens novos de uma vez. A edição foi escrita por Len Wein e ilustrada por Dave Cockrum, e outros personagens surgiram aí, como o grandalhão Colossus e o corajoso Pássaro Trovejante.

A curiosidade começa no fato de o talentoso Cockrum ter trabalhado, pouco tempo antes, na rival DC. E ele havia apresentado dois supergrupos para contracenarem com a Legião dos Super-Heróis, equipe que atua mil anos no futuro - portanto, nos séculos 30 ou 31, dependendo de quando a história foi escrita. Estes supergrupos seriam os heroicos Outsiders ("Renegados", em tradução livre) e os vilões Strangers ("Estranhos") ou Devastators ("Devastadores") - como a história nunca foi publicada, não sabemos qual teria sido o nome escolhido.

Li sobre este projeto que não foi adiante em várias fontes, inclusive duas das quais gosto muito: o Cosmic Teams e a coluna Comic Book Urban Legends Revealed, da CBR. A imagem abaixo, que tirei do Cosmic Teams, mostra os heroicos Outsiders. Encontrou alguém conhecido?

Pois é. O Nightcrawler (Noturno, aqui no Brasil) seria um dos membros do grupo. Dois anos depois, estreou na Marvel o personagem que passaria a integrar os X-Men - com praticamente a mesma aparência, além de o codinome ter permanecido o mesmo.

Já a poderosa Tempestade é mais difícil de encontrar na ilustração acima - até porque ela é uma fusão de alguns personagens aí apresentados. No desenho, com os punhos erguidos brilhantes, está Typhoon, um homem que pode controlar o tempo (mesmo poderes da Tempestade, veja bem); embaixo, à direita, a Trio (que parecem quadrigêmeas) - você há de achar a tiara e o uniforme levemente familiares; e ainda há uma mulher voadora chamada Quetzal (que tem asas). Em entrevistas posteriores, Cockrum afirmou que a Tempestade é uma mistura dos três.

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Outra curiosidade está nos vilões (imagem acima). A líder deles, ao centro, é a Belladonna. E seu irmão se chama... Wolverine. Mas não o que conhecemos. Apesar do mesmo codinome e de ser também um pouco, digamos, feroz, aqui foi uma coincidência. Se quiser localizá-lo na imagem, ele está gritando e aparece atrás do vilão com braço mecânico.

O visual deste Wolverine acabou ficando semelhante ao Lobo Cinzento, um membro da Legião dos Super-Heróis criado um ano depois, em 1964. Vale lembrar: Wolverine também é um tipo de lobo (mas não cinzento, está mais para avermelhado).

Outra curiosidade: Dave Cockrum acabou cocriando a versão da Marvel da mesma Legião dos Super-Heróis aqui citada. Em 1979, em uma história criada por Chris Claremont e ilustrado por Cockrum, os X-Men acabaram encontrando um poderosíssimo supergrupo alienígena: a Guarda Imperial, uma homenagem direta à Legião, com direito a contrapartes. Assim, o Eléctron, com poderes magnéticos, é o equivalente da Marvel ao Cósmico, da DC; o Titã, que pode aumentar de tamanho, é o Colossal; a telepata Oráculo, a Satúrnia; e o Garra é o equivalente ao Lobo Cinzento - mas com uma aparência praticamente idêntica ao Wolverine oferecido em 1963 por Cockrum à DC como vilão e descartado.

Na curiosa imagem abaixo, temos o Wolverine (da Marvel, claro) enfrentando o Garra (também da Marvel, mas com o visual inspirado no Wolverine da DC e no Lobo Cinzento).

Como teriam sido as primeiras aventuras da Legião dos Super-Heróis com o Noturno e o Wolverine criados por David Cockrum, além de Quetzal, Trio e Typhoon? Adoraria ter lido estas histórias. E, com certeza, em algum lugar do mundo, algum leitor-pesquisador (mais de um!) deve ter se dado ao trabalho de ter escrito uma fanfic (ficção escrita por fã) neste universo. Adoraria ler estas histórias também.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.

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