A Cerimônia de Abertura já aconteceu, já ganhamos medalhas e ainda tem muita Olimpíada pela frente...

Na semana passada, aproveitei esta coluna para indicar cinco quadrinhos de esportes. Hoje, faço algo parecido: são cinco HQs, exclusivamente nacionais, ligadas a esportes olímpicos. O futebol predomina, claro – ainda é o esporte favorito dos brasileiros (e desconfio que do mundo inteiro também).

Divirta-se! (E, cá entre nós, pratique esporte também... Faz bem para o corpo, para a mente...)

“O Outro Lado da Bola”, de Alê Braga, Alvaro Campos e Jean Diaz

Sim, começamos com futebol... Mas este livro vai além das quatro linhas e aborda homofobia. Em “O Outro Lado da Bola”, o craque Cris, do time Alvinegro Paulista (fictício), revela que é gay. O que acontece em uma sociedade conservadora, como a brasileira, quando um dos seus atletas de maior expressão faz uma revelação dessas? Ou, olhando ao redor: quantos atletas assumidamente gays jogam na primeira divisão do Campeonato Brasileiro?

Turma da Mônica nas Olimpíadas, do Estúdio Maurício de Sousa

Não há só uma edição da Turma da Mônica com o tema dos Jogos Olímpicos, mas várias. Selecionei duas: “Você Sabia? – Turma da Mônica – Jogos Olímpicos”, por trazer, além das HQs, muitas informações sobre um evento tão cheio de fatos interessantes. E “Uma Aventura Olímpica com a Turma da Mônica”, que, por sua vez, já 100% de quadrinhos.

“Luzes de Niterói”, de Marcello Quintanilha

Quintanilha é um ótimo artista, e eu poderia indicar qualquer livro dele aqui no Hábito de Quadrinhos. Mas como o tema de hoje é esporte, escolhi “Luzes de Niterói”, protagonizada por um jovem jogador de futebol. Prestes a dar um passo importantíssimo na sua carreira, ele e um amigo partem para uma travessia de barco, mas encaram um mar revolto – enquanto uma perigosa tempestade se aproxima. Uma história tensa e dramática, com foco profundo nos seus personagens – insira aqui sua metáfora futebolística favorita: “golaço”, “gol de placa” etc.

“Último Assalto”, de Daniel Esteves e Alex Rodrigues

Uma história de boxe, mas para falar de Brasil. Um morador de uma periferia de São Paulo sonha em – e treina muito para – ser um pugilista. Mas atos do seu passado voltam para atrapalhar seus treinos – e seus planos.

“Surdolimpíadas”, de Addyson Celestino, Kelly Priscilla Lóddo Cezar e Clovis Batista de Souza

Eu não sabia até ler esta HQ, mas há uma competição esportiva voltada para pessoas surdas. É a surdolimpíada – nome que batiza esta edição. Este quadrinho não só retrata uma prova deste evento como, o que aumentou meu interesse, é narrado em Libras - a língua brasileira de sinais, usada pela comunidade surda e por não surdos.

Esta edição faz parte do ótimo projeto “HQ’s sinalizadas”, que não só cria quadrinhos para surdos como cuida de sua distribuição. Há alguns meses, entrevistei dois de seus líderes para esta coluna: a pós-doutora Kelly Priscilla Lóddo Cezar e o professor Danilo Silva.

ps - Há mais quadrinhos brasileiros sobre esportes? Sim, muitos mais! Senninha, por exemplo – mas automobilismo não é esporte olímpico; Pelezinho, que embora tenha sido o maior jogador de todos os tempos, não disputou Olimpíada etc. Eu só quis só sugerir algo para lermos durante o dia, enquanto esperamos as competições começarem, à noite, para passarmos a madrugada inteira assistindo. Dormir para que? ;-)

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.