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Simon Rattle completou 70 anos no último dia 19 de janeiro. Uma data redonda marcada por dois lançamentos: em 24 de janeiro, a “Sétima Sinfonia” de Mahler, numa luxuosa leitura à frente da sua Orquestra Sinfônica da Rádio da Baviera; e uma semana antes, dia 17, o selo LSO Live, da Orquestra Sinfônica de Londres, uma noitada dedicada a Kurt Weill, com “Os Sete Pecados Capitais”, celebrada parceria de Brecht com Kurt Weill, popular no mundo inteiro. Aqui o destaque é sua mulher, a mezzo-soprano Magdalena Kozená, o tenor Andrew Staples e o barítono Florian Boesch. O álbum inclui a suíte sinfônica da “Ópera dos Três Vinténs”, duas das quatro canções sobre poemas de Walt Whitman e “Lonely house” do musical “Street Scene”.
Sem dúvida, uma maneira feliz e diversificada de comemorar seu aniversário. Rattle herdou do notável Mariss Jansons a excepcional Orquestra da Baviera. Optou por ela porque a família – Magdalena Kozená e os três filhos – está enraizada em Berlim. Aliás, Rattle é de poucos e longos empregos fixos: ganhou fama internacional nos dezoito anos em que liderou a orquestra de Birmingham, entre 1980 e 1998. Quatro anos depois regeu seu primeiro concerto na Philharmonie de Berlim com a orquestra da casa, que comandou por dezesseis anos. Por este currículo, imaginava-se que ele ficaria por muitos anos à frente da Orquestra Sinfônica de Londres, que assumiu ao deixar Berlim. Mas, decepcionado com a política musical britânica, aceitou o desafio de suceder a Jansons.
Na longa entrevista a Fionna Maddocks no “Guardian” em janeiro a propósito de seus 70 anos, ela questiona como os grandes músicos mantêm seu interesse interpretando repetidamente o mesmo repertório. Rattle cita um amigo próximo, Vic Firth, timpanista principal da Orquestra Sinfônica de Boston por 46 anos. “As pessoas costumavam dizer como você pode fazer essas peças, repetidamente, com tanta paixão. Vic também era um negociante de arte astuto. Ele dizia: ‘Olha, se eu tenho uma grande tela na parede, por que não estaria olhando para ela todos os dias, para tirar o máximo proveito dela?’ No caso da música, mesmo conhecendo de cor uma peça, você pode ser surpreendido por aspectos que nunca havia notado. Suponho que essa seja a definição de grande arte.”
Entre os dois álbuns comemorativos, optei por Weill como CD desta semana na Cultura FM. Ele viveu entre 1900 e 1950, fez enorme sucesso popular na Alemanha de Weimar; e depois, de meados dos anos 30 até a morte, conquistou êxito incontestável na Broadway. Um século depois, suas criações tanto do período alemão quanto norte-americano permanecem muito populares.
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