Nesta quinta-feira (4), estreia nos cinemas do Brasil ‘Marighella’, filme dirigido por Wagner Moura e baseado na biografia ‘Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo’, do jornalista Mario Magalhães. O longa, que já estreou no exterior e foi ovacionado no Festival de Berlim, acompanha a adesão à luta armada do revolucionário que foi considerado o “inimigo número um” do regime militar brasileiro.
Carlos Marighella nasceu no dia 5 de dezembro de 1911, em Salvador, capital baiana. Sua mãe era Maria Rita do Nascimento, filha livre de escravos e empregada doméstica. Seu pai era o imigrante italiano e operário Augusto Marighella. De acordo com Wagner Moura, que estreia na obra como diretor, inicialmente, a ideia era que o rapper Mano Brown, do Racionais MCs, interpretasse o guerrilheiro, dentre outros motivos por sua semelhança física e de pensamentos políticos ao revolucionário. No entanto, a agenda de shows do grupo de rap impediu a colaboração. Coube a Seu Jorge assumir o papel do protagonista.
A veia política de Marighella se manifestou em 1934, quando ele abandonou o curso de engenharia civil da Escola Politécnica da Bahia e se tornou membro do PCB, o Partido Comunista Brasileiro.
Antes de entrar para a luta armada, do golpe militar de 1964, ou até do ingresso no PCB, Marighella já havia sido preso. A primeira vez que se viu atrás das grades foi em 1932, depois de escrever um poema com críticas ao interventor da Bahia, nomeado pelo presidente à época, Getúlio Vargas, Juracy Magalhães.
Em 1945, período de redemocratização do Brasil, Carlos Marighella foi eleito para o cargo de deputado federal, ainda pelo PCB da Bahia. Apesar de conseguir o mandato, o baiano sofreu com a política de perseguição do presidente Eurico Dutra, que em 1948 colocou o partido comunista na ilegalidade, influenciado pelo contexto da Guerra Fria. A partir deste momento, o militante começa a atuar na clandestinidade junto à organização.
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Após os militares tomarem o poder no golpe de 1964, Marighella é capturado por uma emboscada do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), baleado no peito e preso novamente. No ano seguinte, é liberto por uma decisão judicial e decide romper com o PCB e entrar para a luta armada contra a ditadura.
Em 1968, ao lado de dissidentes do PCB como Joaquim Câmara Ferreira e Virgílio Gomes da Silva, Marighella funda a ALN (Ação Libertadora Nacional). Inspirada pelos ideais dos líderes da Revolução Cubana, Ernesto “Che” Guevara e Fidel Castro, foi uma das principais organizações guerrilheiras do Brasil. Foi responsável por atos terroristas como assaltos a bancos, sequestros e emboscadas, visando a destituição do governo militar.
Um dos pontos que dividem a opinião da população quanto às ações do baiano e causa controvérsia é a radicalidade com que ele e alguns de seus aliados de guerrilheiros tratavam agentes da ditadura e aliados considerados “imperialistas”, sobretudo os norte-americanos.
Essa postura é descrita num dos trechos do ‘Minimanual do guerrilheiro urbano’, escrito pelo próprio Marighella. “É necessário que todo guerrilheiro urbano tenha em mente que somente poderá sobreviver se está disposto a matar os policiais e todos aqueles dedicados à repressão, e se está verdadeiramente dedicado a expropriar a riqueza dos grandes capitalistas, dos latifundiários, e dos imperialistas”, menciona a obra.
Para o bem ou para o mal, a atuação do revolucionário foi tão relevante que, em novembro de 1968, o jornal ‘Última Hora’ trazia como principal manchete que o baiano era o principal inimigo do governo. “Governo: Marighella é o inimigo público Nº1”.
Carlos Marighella morreu em São Paulo, diante de uma emboscada do DOPS, chamada ‘Operação Bandeirante’, em 4 de novembro de 1969, aos 58 anos.
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