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Reprodução/Instagram @leandroperespro
Reprodução/Instagram @leandroperespro

O fisiculturismo é um esporte que precisa de dedicação total a todo momento. Para manter um alto volume de músculos no corpo, é preciso que os atletas - além de treinarem e descansarem exemplarmente - tenham um grande apetite.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o fisiculturista profissional Leandro Peres, da categoria Open (divisão em que não há limite de peso, onde estão os atletas mais musculosos), fala sobre sua dieta, sua trajetória no esporte e seus planos para o ano que vem.

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Dieta de um gigante

Leandro, atualmente, se encontra em uma fase que os fisiculturistas chamam de off season ou bulking. Neste período, os atletas ingerem mais calorias do que gastam para conseguir construir mais músculos. Como é uma época em que eles e encontram fora de competição, não é comum vê-los com um alto grau de definição muscular - como, por exemplo, em cima do palco ou dias antes das competições.

Quando competiu pela última vez, há cerca de um mês e meio, o limeirense estava com aproximadamente 110kg. Hoje, ele está pesando mais de 130kg. Para manter a forma, Leandro faz ao menos sete refeições por dia. "Meu organismo é uma fornalha. Eu preciso comer demais", explica.

O atleta também conta um pouco de sua dieta e mostra que não é barato viver do fisiculturismo: "Vamos fazer uma conta básica. Só de tilápia, são 250g por refeição, e são cinco dessas por dia. Ou seja, 1,25kg por dia. Mas é 1,25kg pronto, depois de feito. Ou seja, é mais de 1,5kg diário. Vamos fazer isso multiplicado por 30. São 45kg por mês. De tilápia. Só para mim. Com o preço atual, portanto, dá quase R$ 2 mil mensais. Isso que ainda tem salada, fruta, arroz, temperos, etc. Então se contar só comigo, gasto em torno de R$ 4 mil por mês no mercado." 

Após meses de restrição alimentar, treinos intensos e aeróbicos que são exigidos em uma preparação, é comum que os fisiculturistas compensem as vontades passadas depois de uma competição. "No dia em que eu ganhei o pro card ("cartão profissional" em português, honra concedida àqueles que conquistam o direito de competir dentro da liga profissional) na Argentina, depois de tirar um monte de fotos após o show, peguei um pote de doce de leite de aproximadamente 700g e comi inteiro em minutos. De noite, passei numa hamburgueria e pedi sete lanches. Comi cinco lá e, depois de um tempo, comi os outros dois", lembra Leandro.

Mesmo com os exemplos extravagantes, o atleta ressalta que nem todo mundo está apto a se alimentar dessa maneira. Há muitos atletas que não estão preparados para suportar esse volume de comida. Ele também frisa a questão genética que existe no fisiculturismo: "Existem vários atletas brasileiros que treinam absurdamente pesado, comem muito bem e não conseguem ter um shape de Open. Então sim (acredito que a genética tem uma parcela fundamental dentro do fisiculturismo). Posso estar errado, mas acredito que pelo menos 50% é questão genética."

Início no esporte

Leandro não sonhava em ser um fisiculturista. Ele sempre gostou de esportes e se apaixonou à primeira vista pela academia, mas levar a musculação a um cenário competitivo nunca esteve em seus planos.

"Conheci a academia em um clube na rua de casa e comecei a praticar. Lá abria de quinta-feira, sábado e domingo, e então começou a virar rotina. Gostei tanto da parada que viciei, de verdade. Passado alguns anos, comecei a frequentar academias que abriam todos os dias… até um tempo atrás, amigos meus que tinham academia deixavam a chave comigo. Cheguei a ir às 5h de um domingo", aponta.

Tudo mudou quando o até então apenas 'marombeiro' foi atrás de um treinador que passasse um programa alimentar para sua esposa. "Eu sempre respondia que não fui feito para competir... ela tinha vontade". Ao ver o marido de sua futura cliente, o profissional o questionou sobre fisiculturismo: "Ele perguntou se eu não iria competir também. Após muita conversa, ele me convenceu a competir e fez os nossos dois programas alimentares de graça."

Assim como a maioria dos fisiculturistas, um dos principais ícones que inspiraram Leandro foi Arnold Schwarzenegger: "Meu pai colocava o filme 'Conan, o Bárbaro' para eu assistir... era monstruoso. Então eu sempre achei legal o shape forte, peitoral grande… sempre achei o shape 'trabalhado no aço' muito legal”.

Liga profissional

Leandro teve uma das carreiras mais meteóricas do fisiculturismo brasileiro. Em pouco mais de dois anos, ele passou de um estreante para um classificado ao Olympia (tido como a "Copa do Mundo" do fisiculturismo, o show mais importante do circuito profissional). 

Em setembro de 2020, o atleta estreou nos palcos e já foi campeão. Depois, foi para o Musclecontest nacional. Ganhou uma das categorias e ficou em quinto lugar na outra. Em novembro 2021, foi vice-campeão no FitPira e, semanas depois, se consagrou um fisiculturista profissional na Olympia Amador Argentina. Ou seja, ele precisou de apenas quatro shows para chegar a um nível que seus adversários demoraram anos para alcançar.

Depois que Leandro conquistou o pro card, "tudo deslanchou". No entanto, uma cirurgia o afastou dos treinos por cerca de cinco meses. Mesmo assim, ele conseguiu voltar e foi campeão do FiPira 2022, agora na Liga Profissional, e se tornou o terceiro brasileiro da Open a conseguir uma vaga para o Olympia em toda a história.

Infelizmente, ele não pôde competir em Las Vegas, pois teve seu visto para entrar nos Estados Unidos negado: "Foi um mar de tristeza". Entretanto, o atleta garante que fará uma temporada ainda melhor em 2023, conseguirá o visto e representará o Brasil no Olympia: "Ano que vem, estarei lá!"

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