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Reprodução/TV Cultura
Reprodução/TV Cultura

A Olimpíada de Tóquio 2020 se encerra neste domingo (8) com momentos memoráveis de representatividade. Ao longo desses Jogos, barreiras foram quebradas e foi possível vivenciar o esporte de forma mais inclusiva e um tanto distante de uma realidade elitista e segregadora, que antes observávamos.

O site da TV Cultura separou 10 momentos em que pudemos aprender sobre luta e coragem e em que a representatividade falou mais alto. Veja abaixo:

1- O sucesso de Douglas Souza

Assumidamente homossexual, o ponteiro da seleção masculina de vôlei Douglas Souza conquistou milhões de seguidores em suas redes sociais, ao mostrar os bastidores da Olimpíada com muito bom humor e muitas vezes ao som de Pabblo Vittar. Douglas também desfila pelas quadras de vôlei e não tem vergonha de mostrar sua personalidade. Atualmente, o atleta soma mais de 3 milhões de seguidores no Instagram.

Em um momento de descontração, ele publicou um vídeo sambando em sua cama de papelão. A organização do evento optou por usar o material como forma de evitar sexo entre atletas. 


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2 - Kelvin Hoefler e a medalha histórica no skate

O jovem da periferia do Guarujá (SP), emocionou o Brasil ao conquistar a primeira medalha do skate para o país na história dos Jogos Olímpicos. Durante a infância, como morava em uma rua de terra, Kelvin começou a andar de skate dentro de casa.

Em Tóquio, após receber a prata no campeonato do skate street, ele creditou sua vitória a duas mulheres: Ana Paula, sua esposa, e Pamela Rosa, atleta da mesma modalidade e uma grande amiga. Durante os intervalos de suas apresentações, Kelvin conversou com a esposa pelo celular e Pamela esteve ao seu lado em toda a disputa. 

“Conversava com minha esposa. Me ajuda há mais de dez anos, é meu braço direito, esquerdo, perna, tudo. Sem a motivação dela falando que eu era o melhor, para me concentrar, acredito que sem a ligação dela não teria acontecido”, disse em entrevista à TV Globo.

“A Pamela Rosa também foi minha técnica, dando toda a motivação. É difícil você parar para pensar, porque o skate é individual, mas a gente precisa ter alguém que está por fora e tendo a visão. E ela sabe, me dava instrução, falando que precisava fazer tal manobra, ficar na sombra, tomar água”, completou.

3 - A fadinha brasileira

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Rayssa Leal se tornou um sucesso no Brasil e no mundo quando seu vídeo vestida de fadinha viralizou na internet. Nele, aos 7 anos, ela realiza uma manobra conhecida como heelflip. Nascida em uma região do Maranhão sem tradição no esporte, ela recebeu apoio dos pais e viu sua vida mudar ainda aos 10 anos, ao se tornar uma atleta profissional. 

Nossa "fadinha" ainda quebrou recordes. Ao conquistar a medalha de prata na na categoria street com apenas 13 anos, ela se tornou a terceira medalhista individual mais jovem da história e a atleta brasileira mais nova a subir ao pódio nos Jogos Olímpicos. Com seu jeito sorridente e desconstruído, Rayssa encantou os torcedores durante as provas, como se estivesse brincando no quintal de casa. 





 4 - Saúde mental importa

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A ginasta americana Simone Biles, maior nome da modalidade, desistiu de disputar algumas etapas do campeonato na Olimpíada de Tóquio. Ela deu uma lição de coragem ao mundo e decidiu priorizar sua saúde mental. 

A atleta optou por não participar da final por equipes (em que mesmo assim garantiu a prata), nas barras assimétricas, no salto e no solo. Ela apenas participou da final da trave, em que fez uma prova sem erros e conquistou o bronze. Após sua apresentação, Simone Biles foi aplaudida por todas as adversárias da final, além de jornalistas, fotógrafos, voluntários e demais presentes na arena olímpica. 

Ela chegou a dizer nas redes sociais que sua mente e seu corpo simplesmente estavam fora de sincronia. "Eu realmente sinto que às vezes tenho o peso do mundo sobre meus ombros. Eu sei que eu ignoro e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes é difícil", também escreveu a atleta. 

Na última terça-feira (3), a ginasta americana revelou que sua tia morreu inesperadamente em meio à Olimpíada"No fim das contas as pessoas não entendem o que estamos passando", disse aos jornalistas. "Há dois dias minha tia faleceu inesperadamente e isso era algo que eu também não esperava que acontecesse nos Jogos Olímpicos, então, no final do dia, você tem que estar um pouco mais atento ao que diz online, porque você não tem ideia do que esses atletas estão passando, bem como (em) seus esportes", acrescentou.

Para a atleta, isso foi mais um obstáculo que teve que superar. Ela ainda reafirmou que teve um caso de "twisties'' - um fenômeno da ginástica em que a mente não se sincroniza com o corpo como antes.

Simone ainda revelou, durante entrevista ao “Today Show”, da NBC, que ter sido vítima de abuso sexual afetou a sua saúde mental e, consequentemente, isso pode ter comprometido o seu desempenho em Tóquio.

5 - O baile de favela que encantou o mundo

Rebeca Andrade, ginasta de apenas 22 anos, entrou para a história brasileira nos Jogos Olímpicos. Ela conquistou a medalha de prata na sua 1ª final, no individual geral e conseguiu garantir a primeira medalha do país na ginástica feminina. Rebeca foi além e teve como trilha sonora de sua apresentação a música "Baile da Favela", de MC João. Com muito talento e leveza, ela levou a relevância cultural do funk para o mundo, ritmo que no Brasil é muitas vezes criminalizado. 

Os feitos de Rebeca não param por aqui. A menina que ingressou na ginástica artística por meio do projeto social Iniciação Esportiva, da Prefeitura de Guarulhos, na Grande São Paulo, conquistou o ouro no salto e entrou mais uma vez para a história como a primeira atleta do Brasil a ganhar duas medalhas em uma única edição de Olimpíada. Filha de mãe solo, Rebeca dedicou suas vitórias à Dona Rosa Santos.


6 - A primeira atleta transgênero dos Jogos Olímpicos

A neozelandesa Laurel Hubbard fez história ao se tornar a primeira atleta transgênero a competir nos Jogos Olímpicos. Ela competia na categoria masculina antes de passar pela transição de gênero, que ocorreu após completar seus 30 anos. 

A estreia de Laurel na Olimpíada veio no Grupo A da competição feminina de halterofilismo na categoria +87kg. Ela não conseguiu fazer sua primeira tentativa de 120 kg e deixou cair a barra enquanto tentava ficar em pé. Apesar da falha, decidiu subir até 125 kg duas vezes, mas não completou nenhuma das tentativas.

Independentemente de seu desempenho, a atleta de 43 anos representou um impacto duradouro para os direitos das pessoas transgênero no esporte. 

7 - Tamyra Mensah-Stock e ouro no wrestling

A norte-americana Tamyra Mensah-Stock quebrou barreiras e conquistou um grande feito: Ela se tornou a primeira mulher negra a ganhar uma medalha de ouro na história do wrestling.

Ela conquistou a medalha no estilo livre feminino na categoria +68kg na vitória por 4-1 contra a nigeriana Blessing Oborududu, que ganhou a primeira medalha de Wrestling Olímpico de seu país

Mensah-Stock dominou o campeonato desde o início, superando suas quatro oponentes. Uma delas foi a medalhista de ouro no Rio de Janeiro, em 2016, a japonesa Sara Dosho.


8 - Ana Marcela Cunha e a representatividade lésbica 

A baiana Ana Marcela Cunha conquistou sua primeira medalha olímpica na maratona aquática feminina, na última terça-feira (3). Com um percurso de 1h 59m 30s, ela se tornou a primeira brasileira a ganhar um ouro na natação.

Kaká Fontoura, namorada da atleta, comemorou tanto a conquista que seus gritos assustaram os vizinhos e ela precisou explicar à polícia o motivo do barulho. 

9 - Meninas do skate mostram que o esporte não tem idade 

Ao lado de Rayssa Leal, a japonesa Momiji Nishiya, também de 13 anos, ficou com o ouro na categoria street. No parque, o pódio contou com a presença da japonesa Kokona Hiraki, de apenas 12 anos, e da britânica Sky Brown, com 13 anos. As meninas mostraram que skate não é coisa de menino e que o esporte não tem idade, já que é possível chegar ao pódio mesmo com poucos anos. 

10 - Quinn e a não-binariedade

Quinn joga na seleção feminina canadense de futebol e fez história ao se tornar a primeira pessoa abertamente trans e não-binária - não se identifica como homem nem como mulher - a conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos.

Na final do torneio de futebol, a seleção canadense venceu a Suécia e ficou com o ouro. Em 2016, Quinn conquistou a medalha de bronze nos Jogos do Rio, mas ainda não se identificava abertamente como pessoa não-binária. 

Antes dos Jogos de Tóquio começarem, Quinn fez uma publicação no Instagram em que falou sobre sua participação na Olimpíada. Veja:

"Primeira pessoa abertamente trans a competir na Olimpíada. Eu não sei como me sentir. Eu me sinto orgulhosu de ver "Quinn" na escalação e no meu credenciamento.

Eu me sinto triste por saber que houve atletas olímpicos antes de mim incapazes de viver sua verdade por causa do mundo.

Eu me sinto otimista pela mudança. Mudanças na legislatura, mudanças nas regras, nas estruturas e mentalidades.

Principalmente, eu me sinto ciente das realidades. Meninas trans sendo proibidas de praticar esportes. Mulheres trans enfrentando discriminação e preconceito enquanto tentam realizar seus sonhos olímpicos. A luta não está perto de acabar... e vou comemorar quando estivermos todos aqui".