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“Refazenda”, de Gilberto Gil é uma obra prima. O rei das metáforas fala aqui da passagem do tempo e das lições da natureza. Tom Jobim, ligadíssimo na mata atlântica, nos rios, na nossa exuberante diversidade fez maravilhas como “O Boto” no disco Urubu de 1976: “na ilha deserta o sol desmaia, do alto do morro vê-se o mar / papagaio discute com jandaia se o homem foi feito pra voar...” canta o maestro soberano com a querida Miúcha num arranjo absolutamente sublime. Um os meus discos preferidos da vida inteira.

Comecei pelos anos 70 mas temos na música contemporânea quem se preocupe com o século 21 e seus desastres ambientais e humanos. Lenine talvez seja um dos maiores exemplos. A paixão pelas orquídeas, pelo mar e pela leveza percorre sua obra. É bonito de ver e ouvir. A canção Vivo, parceria com Carlos Rennó gravada com o piano maravilhoso do também pernambucano Amaro Freitas, é uma dessas. Leve e Suave também faz pensar na resistência pela beleza nesse mundo hoje de tanta brutalidade.